Como imagina a biblioteca do futuro? No passado as bibliotecas públicas foram essenciais para difundir a literacia e a cultura por todo o país e também na cidade de Lisboa. As bibliotecas do futuro, porém, podem ser bem mais do que um repositório de livros, mas um local de encontro, de partilha cívica e cultural.
Por incrível que pareça, Portugal não tem uma grande biblioteca pública de dimensão europeia e internacional, que, por exemplo, esteja aberta a toda a gente a todas as horas, prestando o serviço público que uma grande biblioteca pública hoje deve desempenhar: não tanto apenas de acervo de livros, mas também um espaço de estudo, de estúdio para gravar podcasts ou vídeos, de salas multimédia onde ter acesso à comunicação social de todo o mundo, de espaços de debate e de animação cultural permanente, de “biblioteca de coisas”.
E num momento em que se celebram os 100 anos do nascimento de Eduardo Lourenço a 23 de maio, não haveria nome mais adequado para esse espaço do que o de “Biblioteca Eduardo Lourenço”. Nenhum outro pensador da nossa modernidade refletiu melhor sobre os tempos passados, presentes e futuros de Portugal e da Europa. Não há melhor homenagem a este pensador do que ver milhares de pessoas de todas as idades a experimentar quotidianamente na biblioteca com o seu nome, no Portugal democrático, o tipo de liberdade que ele experimentou ao sair do Portugal ditatorial, e o fascínio de haver um lugar onde o nosso interesse pode partir a todo o momento em todas as direções — da literatura à ciência e às artes e ao pensamento, nosso e dos outros.
Com esta proposta do LIVRE na CML, propomos a Grande Biblioteca Pública Eduardo Lourenço que permita articular as dimensões portuguesa, europeia e internacional, como só Eduardo Lourenço conseguiu fazer, e que sirva de casa aberta ao mundo.