Há pouco mais de um ano, em maio de 2022, a proposta do LIVRE pela redução da dependência dos combustíveis fósseis na Cidade de Lisboa foi aprovada em reunião da Câmara Municipal. Nas semanas seguintes levantou-se uma tempestade. Durante um ano aguardámos o Adamastor, agora parece que dobramos o cabo. Resta saber quem vai ao leme.
A proposta avançava medidas essenciais aos compromissos da “Missão das 100 cidades com impacto neutro no clima e inteligentes até 2030”, a que Lisboa se juntou em abril de 2022, com uma candidatura alicerçada na visão e estratégia para a mobilidade para Lisboa, MOVE 2030, que pretende assegurar, pelo menos, a neutralidade carbónica até 2030. Na proposta, o LIVRE propôs começar mais cedo do que tarde, até pela fase aguda da dependência de combustíveis fósseis em que nos encontrávamos.
Nas semanas que se seguiram ficou famosa a frase “quem vai à Louis Vuitton não anda de metro”, do empresário Álvaro Covões, a propósito da pedonalização da Av. da Liberdade aos domingos e feriados, incluída na reativação do programa “A Rua é Sua”. Foram também infindáveis as objeções à redução da velocidade máxima de circulação em 10 km/h, apesar de ser bem conhecido, por exemplo, o impacto da redução da velocidade máxima de circulação para 30 km/h na diminuição do número de mortes por atropelamento. E depois… nada aconteceu.
E eis que o vereador com o pelouro da Mobilidade anuncia, há dias, a revisão dos limites de velocidade na cidade, mas “não de forma cega”. Mantenhamos então os olhos bem abertos e atentos ao calendário, à procura da materialização da estratégia para a mobilidade em Lisboa, mas sem ilusões. É que ainda há um par de semanas fomos surpreendidos pela limitação do acesso a trânsito local à Baixa de Lisboa durante o dia, durante um ano, o que até se poderá prolongar definitivamente! Só que esta medida não se inscreve numa estratégia para a mobilidade na cidade, é antes uma limitação imposta pelas obras em curso — o Plano Geral de Drenagem e a expansão da rede do metropolitano, entre outras — que constrangem fortemente a circulação na Baixa. E é assim que parece que finalmente estamos a dobrar o cabo, só que, afinal, são as obras quem vai ao leme.