Os custos ambientais da Jornada Mundial da Juventude
por Paulo Muacho
O altar palco que será construído para a Jornada Mundial da Juventude gerou indignação generalizada e obrigou PSD e CDS a reverem a obra.
Mas para além do custo monetário, o projeto megalómano para receber o Papa terá também um custo ambiental relevante. Em fevereiro de 2023, o Vereador em substituição do LIVRE, Carlos Teixeira, questionou o executivo relativamente ao futuro a dar à zona hoje conhecida como Aterro de Beirolas, o local onde será construído o altar-palco, na zona norte do Parque das Nações.
Os planos de pormenor desta zona previam a criação de um parque urbano, uma nova zona verde ligada ao Tejo e onde os lisboetas poderiam beneficiar da proximidade ao rio num contexto de lazer. O que está agora previsto é a construção de um palco numa zona de aluvião, onde os solos não são adequados à construção, o que implicará a necessidade de reforço da base da estrutura que será definitiva.
Por isso, o LIVRE questionou o executivo sobre quais os usos futuros a dar àquele espaço e em concreto ao altar-palco. Uma utilização intensiva para, por exemplo, festivais de música, pode ser incompatível com a preservação da biodiversidade, nomeadamente das aves que habitam o estuário do Tejo. Falamos de uma zona de enorme riqueza biológica que justificou a criação de uma Zona Especial de Conservação e de uma Zona de Proteção Especial (ao abrigo das Diretivas Europeias Aves e Habitats), tornando ainda maior a responsabilidade de a defender e preservar para o futuro.