Chegou o LIVRE Alface

Editorial

por Isabel Mendes Lopes e Rui Tavares

“Pois ficareis alfacinhas para sempre”, escreveu Almeida Garrett nas Viagens na Minha Terra, “cuidando que todas as praças deste mundo são como a do Terreiro do Paço”. 

Na verdade, ninguém sabe quando nem como começou esta mania, ou este mimo, de se chamar alfacinhas aos lisboetas. A explicação mais plausível é que venha dos nossos antepassados moçárabes (que também nos legaram a barca e os corvos dos símbolos da cidade). Os habitantes de Al Usbuna chamavam aos dos arrabaldes “saloios” (de “salawi”, rústico), e estes respondiam chamando-lhes “al’hass”, que em árabe quer dizer “alface”, e a que os portugalenses do norte juntaram um carinhoso e quase galego “inho”. Alfacinhas assim ficaremos para sempre. 

O LIVRE Alface nasce — ou deveríamos dizer “brota”? — da vontade de trazer mais frescura à política na cidade de Lisboa. Dizem que o verde alface é piroso, mas nós achamos que vai bem com a nossa papoila vermelha e com a nossa ecologia galharda. 

O LIVRE Alface é repositório de propostas, ideias e sonhos. É responsabilização de eleitos e é vontade de contactar com eleitores. É espaço de pensar sobre a cidade, de a defender e de a projetar para o futuro. Tem os caminhos das veredas de Lisboa e tem nos antetítulos o lilás dos seus jacarandás. É um periódico sem periodicidade certa, mas não é uma folha de couve qualquer! 

A cidade é, como explicamos na última página, uma criação cujo destino é ser-se feliz e cujo funcionamento é, na verdade, muito simples. Tem quatro peças principais, às quais dedicamos as nossas páginas interiores. Duas referem-se à dimensão espaço e duas são da dimensão tempo: se tivermos propostas transformadoras em cada uma dessas quatro dimensões, mudamos a vida para muito melhor. 

São elas, na dimensão espaço: morar e mover. Na dimensão tempo: empregar o tempo e passar o tempo, ou o lazer e a labuta (aquilo que os latinos chamavam “otium et negotium”, o ócio e o trabalho, que “nega o ócio”). Vamos passá-las em revista. 

MORAR está no centro de tudo, numa cidade. Onde moramos e como moramos. Se a moradia é digna, confortável, adequada e com boas condições de salubridade, como manda a Constituição. Se não se passa frio demais no inverno (e Lisboa é a capital da Europa ocidental onde se passa mais frio dentro de casa) e calor demais no verão. E, acima de tudo, se conseguimos pagar a casa onde moramos.  

MOVER-NOS, deslocarmo-nos, movimentarmo-nos é o passo fundamental em qualquer cidade, passada, presente ou futura. De avenidas onde nos possamos deslocar em segurança, despoluídas e arborizadas. A transportes públicos frequentes, fiáveis e acessíveis. A novas modalidades de serviço, como os “amarelinhos” para o transporte escolar, aqui tem por onde começar a fazer caminho. 

E depois, o LAZER e a LABUTA, o passar tempo e o ganhar tempo, o fazer pela vida e o fruir a vida. Dos quartéis renovados às bibliotecas de tipo novo, das veredas à economia do conhecimento, do ambiente à cultura e aos direitos humanos. O governo da cidade pode estar compartimentado em pelouros e pelourinhos. Nós viemos para dizer: isto anda tudo ligado. Viva Lisboa livre, viva Lisboa Verde, viva Lisboa Verde e LIVRE alface. 

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