LIVRE

Transformar as ruas em jardins

por Henrique Castro e Francisco Costa

Um novo tipo de espaço verde que tornará mais agradável andar a pé em Lisboa e que ajuda a combater as alterações climáticas. 

Proposta para a Rua da Prata, Lisboa

 “Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender”, diz o Artigo 66.º da Constituição — e é no cumprimento deste dever que o LIVRE apresenta a proposta “Veredas de Lisboa”, um ambicioso programa de requalificação do espaço público para o aumento das áreas verdes na cidade. Uma medida que permite a Lisboa fazer frente aos desafios que as alterações climáticas trazem à cidade, como o aumento da temperatura e a maior ocorrência de cheias, evitando assim as graves consequências que tais eventos acarretam. 

 Os benefícios dos espaços verdes urbanos não se limitam à mitigação dos efeitos das alterações climáticas, como é comprovado por diversos estudos científicos que demonstram como estes espaços proporcionam a redução da poluição atmosférica, o arrefecimento do ambiente e retenção das águas das chuvas, entre outros. Implicam também um aumento de qualidade de vida para as pessoas, tais como uma melhoria da saúde física e mental, em particular de crianças e idosos, e a promoção de maior coesão social em comunidades mais desfavorecidas, de acordo com estudos conduzidos pela Agência Ambiental Europeia. 

Em termos económicos, faz todo o sentido investir em áreas verdes. Um estudo realizado por investigadores portugueses e americanos chegou à conclusão de que por cada um dólar investido na gestão e manutenção de árvores, os residentes recebem de volta, aproximadamente, 4,48 dólares em poupanças de energia, ar puro, redução das inundações e dos níveis de CO2. Ganha a cidade, ganham as pessoas — e o planeta. 

Ruas com maior cobertura arbórea e vegetal, redesenhadas de modo a privilegiar o espaço para as pessoas circularem, seja a pé ou de bicicleta, com acalmia do tráfego local, tornando-as mesmo pedonais, como acontece em outras cidades europeias, como Paris e Barcelona. Porque não em Lisboa também? A nossa cidade precisa de mais espaços verdes — não só para o lazer, mas para o bem-estar e para ajudar a combater as alterações climáticas.  

A Câmara Municipal tem de assumir o seu papel em proporcionar aos seus habitantes uma cidade mais verde e sustentável, uma vez que assumiu compromissos no âmbito de acordos internacionais, como a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, o Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia, a Rede de Liderança Climática “C40 Cities”, para citar apenas alguns. Sem esquecer que, localmente, a autarquia também se comprometeu com o reforço da infraestrutura verde, como está previsto em documentos oficiais como a Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC) e o Plano de Ação Climática 2030.  

O LIVRE apresenta a proposta das Veredas de Lisboa para ajudar a dar resposta aos desafios que as alterações climáticas trazem à cidade, proporcionando, ao mesmo tempo, uma solução que traz qualidade de vida para a população. Queremos privilegiar o bem-estar das pessoas e também chamá-las a intervir: propomos que em cada freguesia sejam os seus moradores a escolher quais os locais que desejam que se tornem veredas. Uma oportunidade única para construir coletivamente a cidade, reforçando a sua coesão social e identidade.  

Atualmente, Lisboa está a atravessar uma série de obras, como as relativas ao Plano Geral de Drenagem de Lisboa, entre outras intervenções, que obrigam ao fecho de várias vias na cidade. Estas circunstâncias permitem-nos ganhar uma nova perceção de como o espaço público pode ser mais bem aproveitado: calçadas mais largas e acessíveis, ciclovias, mais árvores e bancos de jardim — ruas mais seguras, vibrantes e cheias de vida. E se a sua rua fosse assim? O LIVRE quer dar esse poder de escolha aos lisboetas. 

Não há tempo a perder. A urgência climática exige decisões políticas imediatas, e os governos locais têm um papel determinante neste cenário. As Veredas de Lisboa surgem como um caminho a ser trilhado na direção do desenvolvimento sustentável — um caminho cheio de vida, de verde e de alegria — de crianças a brincar ao pé de casa, de idosos a passear e a conversar à sombra das árvores, de jovens a irem para a escola por vias seguras, e de todos os habitantes a sentirem que a cidade respira e vive melhor. 

Neste Dia Nacional dos Jardim, que se comemora, este ano, pela primeira vez no aniversário de Gonçalo Ribeiro Telles, celebremos criando as veredas de Lisboa. 

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