A edição de 2018 de “Os Setembristas” repartiu-se entre Felgueiras e o Porto, sob o tema “Transições: propostas de futuro para 2019”. Sabemos que precisamos de construir um futuro mais sustentável, mais ecológico, mais igualitário, mais feliz. E como o futuro se constrói hoje, debatemos algumas questões pelas quais teremos de lutar no próximo ano e nas eleições que nos esperam.
Debate Decrescimento
Este debate sobre o decrescimento abriu o fim-de-semana. Contou com intervenções de Inês Cosme, investigadora do Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade, na área do decrescimento, Jorge Leandro Rosa, investigador e tradutor de obras sobre temas da ecologia e coordenador nacional da Rede de decrescimento Portugal, e Hans Eickhoff, membro do LIVRE ativo no Círculo Temático Ecologia e Desenvolvimento Sustentável, e depois prosseguiu com um intenso debate com a audiência.
Neste debate, a discussão em torno do conceito de decrescimento foi animado, com vários participantes a apresentarem as suas preocupações e posições, nomeadamente:
– Apoio a iniciativas de transição não apenas financeiro mas também técnico, burocrático e de mediação;
– A palavra decrescimento é tendencialmente pejorativa, podendo dar a entender que estamos a propor a perda de qualidade de vida, quando na verdade o que queremos é o contrário. Assim, impõe-se uma reflexão sobre o modo de comunicar este conceito politicamente, o que poderá passar por recorrer a palavras que, não sendo negativamente marcadas, possam ir preparando as comunidades para as necessárias mudanças, que terão de ocorrer brevemente.
As apresentações de Inês Cosme e Hans Eickhoff estão disponíveis aqui e aqui, respetivamente.
Marcha pelo Clima, Porto
Uma vez que a Marcha pelo Clima teve lugar no mesmo fim-de-semana dOs Setembristas, no sábado à tarde rumámos aos Porto para participar na manifestação, onde se ouviram palavras de ordem como “Negociar o quê? Não há planeta B” “ Não ao furo, sim ao futuro”, entre a Av. dos Aliados e a Ribeira.
Debate Transição Energética
A noite de sábado terminou com uma conversa, em ambiente muito informal, com o Pedro Macedo, investigador em Alterações Climáticas e membro da Coopernico. Foram abordados os seguintes assuntos:
– independência energética
– encerramento de zonas de prospeção de petróleo para atingir as metas de Paris
– transição para a mobilidade elétrica não pode restringir-se dos automóveis que existem por automóveis elétricos
– dificuldades das cooperativas de energia no mercado atual prendem-se, entre outras, com as exigências com garantias bancárias, ou com a escala dos concursos
– há municípios que têm a sua rede (de distribuição e de produção?) e que são auto-suficientes e têm excedente financeiro
– hoje não é ainda possível um condomínio juntar-se e instalar produção de energia para seu próprio consumo
– combinar renováveis com barragens (funcionam como baterias gigantes)
Conversa com o Presidente da Câmara Municipal de Felgueiras
O pequeno-almoço de domingo aconteceu na Alameda de Santa Quitéria, acompanhado de uma conversa com o Presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, Nuno Fonseca, do movimento Sim, Acredita! e eleito na coligação LIVRE-PS há cerca de um ano. Estiveram também presentes alguns vereadores e vários presidentes de juntas de freguesia do município, bem como o Presidente da Concelhia do Partido Socialista e o Presidente da Assembleia Municipal de Felgueiras e o Deputado Municipal do LIVRE Mário Gaspar.
Foi feito um balanço deste primeiro ano de mandato, tendo Nuno Fonseca explicado que há uma aproximação entre o poder político local e os cidadãos, com uma ação de proximidade e abertura. É visível uma reorganização dos serviços municipais com vista a operarem com maior eficácia. A Câmara Municipal está também a desenvolver os projetos que vão ao encontro das promessas eleitorais, nomeadamente no que concerne ao saneamento, aos espaços verdes e à mobilidade suave.
O município está a apostar em ciclovias e pretende fomentar a mobilidade por bicicleta. Está também a delinear um prémio a atribuir às construções mais sustentáveis em Felgueiras.
Europa e transição democrática
Após o almoço, e até à hora de voltar a casa, partilhámos aquilo que, a cada um de nós, nos preocupa no nosso dia-a-dia e também ao nível europeu e que gostaríamos de ver abordado e respondido nas eleições do próximo ano.
Foram abordados temas tão diversos como os refugiados e a entrada pelo Mediterrâneo, a falta de voz dos cidadãos europeus, a educação e a saúde, as alterações climáticas e o avanço do nacionalismo.
Foi uma conversa descontraída, mas muito informativa. Combinámos no final cada um de nós replicar esta conversa com os nossos amigos e conhecidos e voltarmos a ter esta conversa no seio do LIVRE.
Apesar de não terem um tema atribuído, tivemos também momentos muito importantes de convívio: almoços e jantares, porque os bons convívios se fazem à mesa.
Apesar de termos partilhado boleias e de termos conseguido um preço de grupo para um hotel, entendemos que o custo do fim de semana tenha tornado difícil a ida de alguns membros e apoiantes a Felgueiras. Trabalharemos para que a próxima edição seja mais acessível.
Como tem vindo a acontecer anualmente, esta edição d’Os Setembristas reforçou a ideia de que precisamos de espaço e tempo para debater e amadurecer ideias. Reforçou também a importância dos Círculos Temáticos, do uso da tiki e da organização de encontros e conversas. Contamos com a participação de todos na construção de propostas de futuro para 2019.