Desde que foi anunciada a saída formal da Troika e do fim do programa de ajustamento, que marcaram três anos de intensa austeridade direcionada fundamentalmente para o corte de rendimentos e de direitos dos trabalhadores e dos pensionistas, o governo parece ainda mais desnorteado na sua atuação.
Até à saída da Troika, a sua política passava principalmente por ir além do programa de ajustamento, demonstrando grande eficácia e prontidão no ataque aos mais vulneráveis. Nestes últimos meses o governo perdeu o guião e demonstra uma incapacidade inacreditável na gestão das instituições e dos sistemas públicos.
Os erros consecutivos na intitulada reforma da justiça e a inabilidade em gerir a plataforma informática Citius, que entrou em verdadeiro colapso, os erros na colocação dos professores e a instabilidade criada no início do ano escolar, as incongruências no processo de avaliação das unidades de investigação, são exemplos bem demonstrativos sobre a incapacidade deste governo em cuidar das instituições e do interesse geral dos cidadãos.
Mas esta inabilidade não se revela somente no setor público: o caso do colapso do BES e das atribulações com a recente demissão da administração do Novo Banco revelam não só uma atuação pouco séria por parte do governo, mas também uma ausência em assumir uma posição política, escondendo-se atrás dos anúncios do governador do Banco de Portugal. A este respeito, o LIVRE exige que o Governo venha esclarecer os portugueses sobre as verdadeiras razões da demissão da anterior administração e explicar o que está de facto a acontecer com o Novo Banco e os eventuais riscos deste poder falir ou destituir-se.
Estes últimos acontecimentos são bem reveladores sobre a incapacidade deste governo de governar. É fundamental que se administre com seriedade as instituições no sentido da promoção do interesse e do bem comum. A resposta à pergunta do título parece infelizmente ser que este governo só serve para desgovernar Portugal.
Imagem: European People’s Party