Lisboa: Voto de Saudação 100 Anos do Aniversário de José-Augusto França na Câmara Municipal

Lisboa: Voto de Saudação 100 Anos do Aniversário de José-Augusto França na Câmara Municipal

O LIVRE apresentou na Câmara Municipal de Lisboa um Voto de Saudação dos 100 anos do Aniversário de José-Augusto França.

VOTO DE SAUDAÇÃO

100 Anos do Nascimento de José-Augusto França


Falecido a 18 de setembro de 2021 com 98 anos, José-Augusto França foi uma das figuras que mais contribuiu para a divulgação e dignificação da Cultura e História das Artes Visuais em Portugal. Natural de Tomar, mudou-se para Lisboa, iniciando desde muito cedo uma extensa colaboração com a imprensa na forma de crítica de cinema e arte e que se prolongaria até ao fim da sua vida. Na juventude ingressou no Grupo Surrealista português, tendo convivido com as principais figuras desse movimento artístico e intelectual como Mário Cesariny e Alexandre O’Neill. Em 1949, publicou o seu primeiro romance “Natureza Morta”.
 

 O seu extenso percurso académico inicia-se com uma licenciatura na Faculdade de Letras de Lisboa em Ciências Histórico-Filosóficas em 1944. O interesse pela pintura leva-o a Paris onde se fixou em 1959 como bolseiro do estado francês, tendo sido discípulo de Pierre Francastel. É neste período que se notabiliza por uma intensa atividade cultural e dinamismo, bem como oposição ao movimento do Neorrealismo, tendo organizado o primeiro salão nacional de arte abstrata em Portugal em 1954. 

 Na década de 60, viria a obter os graus de doutoramento em História com uma tese sobre a Lisboa Pombalina, e em Letras e Ciências Humanas sobre o Romantismo em Portugal. 

 Afirmou-se como historiador e crítico de arte, tendo editado entre 1951 e 1956 cinco antologias inéditas de grandes autores contemporâneos, a que se chamaram de Unicórnio, Bicórnio, Tricórnio, Tetracórnio e Pentacórnio, que incluiam autores como Jorge de Sena, Vitorino Nemésio, Almada Negreiros, entre outros. 

 Entre 1971 e 1997 dirigiu a revista Colóquio-Artes, na Fundação Calouste Gulbenkian, tendo dirigido o Centro Cultural Calouste Gulbenkian, em Paris, entre 1983 e 1989. 

 A partir de 1974, torna-se professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa onde cria os primeiros mestrados de História de Arte do país. Foi autor de uma obra prolífica sobre as artes visuais e a cultura em Portugal, destacando-se os estudos sobre a arte em Portugal nos séculos XIX e XX, monografias sobre Amadeo de Souza-Cardoso e Almada Negreiros, um Dicionário de Pintura Universal e outros volumes e ensaios sobre arte contemporânea. 

 Dedicou também uma parte da sua vida a estudos olisiponenses, com várias obras notáveis publicadas sobre o urbanismo e arquitetura da cidade de Lisboa. Em 1967, por convite do Presidente da Câmara Municipal de LIsboa António Vitorino da França Borges, José-Augusto França realizou um levantamento sobre o património artístico, arquitetónico e histórico de Lisboa, que viria a ser reunido na obra de referência “Estudos das Zonas ou Unidades Urbanas de Carácter Histórico-Artístico em Lisboa”. 

 Ao longo da sua vida, recebeu múltiplas distinções, tendo sido agraciado com a Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1991), a Grã-Cruz da Instrução Pública (1992), a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2006) e a Medalha de Mérito Cultural (2012).  

 Os seus quase 100 anos de vida foram marcados por uma dedicação plena à arte e cultura portuguesa, abrindo caminho para a valorização do património português e ao seu reconhecimento no panorama internacional. Sem o legado académico, sociológico e histórico de José-Augusto França, bem como a sua reconhecida atividade como olissipógrafo, a cultura em Portugal não seria igual, nem seria tão rica. 

 Em face do exposto, na reunião de 16 de novembro de 2022, data em que se assinalam os 100 anos do nascimento de José-Augusto França, o LIVRE propõe à Câmara Municipal de Lisboa que delibere:   

   1. Saudar o centenário do nascimento de José-Augusto França. 

 

Lisboa, 16 de novembro de 2022 

 

A VEREADORA 

 

Patrícia Gonçalves