Candidato por Santarém

Naturalidade

S. Domingos de Benfica, Lisboa

Local de Residência

Groningen, Países Baixos

Nacionalidade

Portuguesa

Profissão

Professor Universitário

Apresentação Pessoal

Na primavera de 2014 assisti, na companhia de vários camaradas portugueses, italianos, gregos, espanhois (P.I.I.G.S), ao documentário “Ulisses – Relançar a Europa a Partir do Sul” no Passing Clouds, um clube comunitário do bairro londrino de Dalston. Nessa altura sofriamos o impacto da crise das dívidas soberanas e lutávamos contra as medidas de austeridade um pouco por toda a Europa. Mas o Brexit avistava-se como uma possibilidade remota e as núvens negras da extrema-direita estavam num horizonte ainda distante. Estariamos também longe de imaginar que a realidade dos despejos, retratada naquele documentário, viria a afectar aquele mesmo clube comunitário onde, naquela tarde de Domingo, nos imbuíamos do espírito de uma Europa mais solidária e eu começaria a gravitar para as ideais do então recém-formado Partido Livre. Hoje, a viver e a trabalhar nos Países Baixos, cuja sociedade sempre admirei pela liberdade e tolerância, estamos na eminência de um imenso retrocesso civilizacional com a vitória da extrema-direita nas eleições para a câmara baixa do parlamento. Se os neo-liberais queriam impôr restrições à imigração e o absurdo retrocesso ao ensino universitário em neerlandês, temo que outras coisas, hoje inimagináveis, possam acontecer com a extrema-direita no poder. Muitos outros Passing Clouds poderão fechar as portas; muitos progressos na educação, na saúde, no estado social poderão ficar adiados.
Com o crescimento esperado da extrema-direita precisamos de nos preparar para enfrentar com coragem e esperança estes tempos de núvens negras, de mobilizar a nossa inteligência colectiva. É com esse espírito que me candidato novamente às primárias do Livre, desta vez já como membro e por um círculo eleitoral do território nacional. Embora esteja recenseado no círculo eleitoral da Europa, decidi candidatar-me por um círculo eleitoral do território nacional uma vez que os temas que pretendo abordar nos debates das primárias e das legislativas dizem respeito sobretudo à política nacional. A minha contribuição no Livre tem sido sobretudo na área da saúde mental, tema que estaria manifestamente deslocado num contexto de campanha pelo círculo eleitoral da Europa, tradicionalmente marcada pelas questões da emigração. Escolhi candidatar-me pelo círculo eleitoral de Santarém por ser, à excepção de Lisboa, aquele com o qual tenho mais afinidades pessoais. A família materna tem origens na aldeia da Azinhaga, terra natal de José Saramago, a quem devo boa parte da minha consciência cívica e política.
Sou psicólogo, professor universitário e investigador na área da psicologia. Nos últimos dois anos, tenho contribuído para as políticas do Livre na área da saúde em especial da saúde mental.

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Apresentação de candidatura

Prentendo com a minha candidatura que o Livre se apresente como força política que elege a saúde mental como um pilar fundamental de uma sociedade desenvolvida, aberta e sustentável e que saliente a promoção da saúde mental como objectivo transversal das políticas públicas.
Sabemos que Portugal é dos países desenvolvidos com maior prevalência de perturbações mentais. Para isso contribuem o elevado risco de pobreza de parte significativa da população, os baixos níveis de escolaridade e de literacia em saúde, a dificuldade de acesso à saúde, a deterioração das condições de trabalho, e a desigualdade de rendimentos, entre outros factores. A minha trajectória profissional na área da psicologia levou-me a acreditar que o bem-estar psicológico e a saúde mental só podem florescer numa sociedade que promove a satisfação da autonomia pessoal, da realização do potencial humano, do sentimento de pertença, e das necessidades relacionais dos seus cidadãos, entendidos como agentes dinâmicos e construtores activos da sociedade. São estes os valores do Livre, para o cumprimentos dos quais concorrem propostas como a implementação do rendimento básico incondicional, a semana de quatro dias, a redução das desigualdades salariais e a democratização do trabalho, entre tantas outras.
Parte do meu contributo será salientar os potenciais efeitos positivos do nosso modelo de desenvolvimento para a saúde mental e assim reforçar os argumentos em apoio das nossas medidas. Considero que os valores humanistas e universalistas que caracterizam o Livre nos colocam numa posição priveligiada para sermos a voz de uma mudança de paradigma na saúde mental. Os cuidados de saúde mental devem passar a estar na comunidade e ter como objectivo a promoção da saúde mental e o bem-estar psicológico, quando hoje em dia estão pensados para responder apenas à doença mental em contexto de organizações de saúde. A promoção da saúde mental deve ser transversal a todas as políticas públicas desde a saúde à cultura, passando pela educação, trabalho, habitação, segurança social, justiça e economia. Nesse sentido, é importante investir nos recursos humanos da área da saúde mental, no SNS e nas equipas de saúde ocupacional, nas escolas e universidades públicas, nos estabelecimentos prisionais, na justiça e na segurança social. O novo modelo de organização da saúde mental em equipas multidisciplinares e comunitárias deve ser prosseguido e aprofundado. A expansão da rede nacional de cuidados de saúde continuados de saúde mental prevista pelo PRR deve ser assegurada. Apesar destes avanços, continuamos a ser confrontados com violações do direitos humanos das pessoas com necessidade de cuidados de saúde mental, pelo que é necessário apostar na formação de profissionais, reformar as instituições e modelos de gestão em consonância com os princípios consagrados na nova lei da saúde mental.

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