As mudanças de temperatura, as secas, os fogos, as inundações são fenómenos normais e não representam nenhuma ameaça para a Humanidade ou para o planeta.
Não precisamos de alterar a nossa economia ou inventar novas políticas, até porque isso teria um custo incomportável.
Não é por acaso que estás a ler isto a 1 de Abril.
É dia das mentiras e a ocasião certa para olharmos para algumas supostas evidências de que tentam convencer-nos nos outros 364 dias do ano.
#1 O aquecimento global é uma fraude porque as mudanças climáticas são naturais e permanentes!
Existem muitos fenómenos que influenciam o clima, tanto naturais como consequência das atividades humanas, e que interagem entre si. O El Niño, por exemplo, é um fenómeno que causa o aumento das temperaturas, e provoca inundações em certas partes do mundo, e secas noutras. O Ártico está cada vez mais verde, pois o aquecimento dessa região promove o crescimento de musgo. Este deve alterar o ecossistema no futuro, resultando em mudanças significativas não somente na paisagem, como também na biologia de toda a área. Estes casos provam que as mudanças e alterações recentes são normais? Desde o início de medições, tem-se verificado um aumento sistemático das temperaturas médias da atmosfera terrestre e do mar. A temperatura global média aumentou 0,85 graus Celsius entre 1880 e 2012, e cada uma das últimas três décadas foi mais quente do que todas as outras registadas.
#2 Se a temperatura média apenas subiu 0,85 graus Celsius em 130 anos as mudanças não serão muito dramáticas.
A maioria de nós até pode achar que um bocadinho mais de calor é bem-vindo. Mas essas pequenas mudanças têm consequências muito graves para o clima global. Sem uma ambiciosa proteção do clima, a temperatura média global pode vir a subir ainda mais até final deste século. Isto significa mais eventos climáticos extremos, tanto precipitações violentas como secas fortes. As calotes polares continuarão a derreter, o que implica o aumento do nível do mar e de regiões inundadas. Os oceanos irão continuar a aquecer e a tornar-se ainda mais ácidos, com impactos significativos na biodiversidade, impossibilitando, por exemplo, a existência de corais. O planeta Terra é um sistema complexo mas flexível, e será capaz de se adaptar às mudanças que a Humanidade trouxe. A questão é se nós próprios conseguiremos sobreviver às rápidas alterações que temos vindo a provocar e se estamos preparados para viver sem os ecossistemas e a biodiversidade que co-evoluiu connosco.
#3 A Humanidade é pequena demais para influenciar o clima e o CO2 sempre existiu, é um elemento natural.
O clima muda desde que o planeta existe. Ao longo de milhões de anos, os períodos quente s e frios foram alternando, de forma natural. No entanto, a mudança climática dos últimos 150 anos é mais rápida do que qualquer outra conhecida na História do nosso planeta. Num relatório de 2018, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas (IPCC) considera que a influência humana é a responsável por um aumento de cerca de 1 grau Celsius desde a revolução industrial.
Existe libertação natural de gases, como CO2 e metano, nomeadamente pelas plantas, vulcões ou animais. No entanto, as emissões causadas pela Humanidade são excessivas e não são totalmente absorvidas pelo balanço natural do planeta. Além de que este balanço é também ameaçado pela desflorestação. De referir que existe consenso na comunidade científica sobre o facto de as atividades humanas influenciarem as mudanças climáticas e que vários indicadores – como a pegada ecológica e os limites planetários – provam que a humanidade vive atualmente acima das suas possibilidades no que à sustentabilidade ecológica do planeta diz respeito.
#4 Não é possível prever o clima daqui a dezenas de anos, nem as previsões para o próximo fim de semana são fiáveis!
Existem diferenças científicas entre previsões meteorológicas e modelos climáticos. O tempo é relativo a um período curto e influenciado por vários fatores. Já o clima é referente a um período temporal mais longo, e os eventos são estatisticamente mais equilibrados. O que significa que na prática é mais fácil reconhecer tendências climáticas ao longo de décadas, como o aumento da temperatura causado por gases com efeito de estufa, do que prever o tempo para o fim de semana seguinte. Estes modelos permitem também perceber que aqueles que mais sofrerão com os efeitos das alterações climáticas são aqueles que menos têm contribuído para as mesmas, desde logo os habitantes de muitos países pobres, no hemisfério Sul.
#5 O aquecimento global não existe e prova disso é o aumento do número de tempestades de neve e chuvas nalgumas partes do mundo.
O aumento da temperatura média do planeta (incluindo a temperatura média do mar) faz com que os equilíbrios previamente existentes se alterem e passem a existir fenómenos climáticos mais imprevisíveis e “descontrolados”. Estes podem surgir na forma de tempestades de neve, ciclones, chuvas torrenciais num locais e longas secas noutros. Por isso o aquecimento global torna mais frequentes o fenómenos climáticos extremos, como secas, incêndios florestais, ondas de calor, mas também cheias, inundações, tempestades tropicais e de neve.
#6 Não precisamos de nos preocupar com as alterações climáticas porque o avanço tecnológico vai resolver qualquer problema que surja.
Errado. Não podemos ficar à espera de apenas resolver as consequências das alterações climáticas usando tecnologia para diminuir a temperatura ou retirar dióxido de carbono da atmosfera. Temos de conseguir minimizá-las e evitá-las, diminuindo drasticamente as emissões.
O avanço tecnológico permitiu desenvolver fontes de energia renováveis, que não dependem de combustíveis fósseis. É preciso continuar o investimento no aumento da sua eficiência e da sua utilização, nomeadamente nos países em vias de desenvolvimento, evitando a passagem pela fase de utilização intensiva de combustíveis fósseis. Porque os investimentos em tecnologia não são independentes das decisões políticas, é preciso promover que sejam feitos nas tecnologias capazes substituir os combustíveis fósseis e de redução do consumo.
#7 Combater as alterações climáticas teria um enorme custo para a humanidade. Não podemos voltar à idade da pedra…
É possível combater as alterações climáticas e aumentar o conforto e segurança de todos os seres humanos. O custo do combate às alterações climáticas não deve recair sobre as pessoas (ninguém vai ter de viver sem eletricidade nem ter de se deslocar exclusivamente a pé ou de bicicleta). Há muito dinheiro no mundo – está apenas mal distribuído. Se combatermos a fuga de capital para os paraísos fiscais, por exemplo, teremos dinheiro suficiente para uma transição energética justa que permita encontrar alternativas a todas as fontes de energia fóssil e criar milhares de empregos na área das energias renováveis. É isto que defendemos no nosso Green New Deal, a implementar em toda a Europa.
Somos Ecologistas e não desistimos do nosso planeta. Queremos mobilizar todos os cidadãos para a resposta às alterações climáticas e implementar uma transição verde. Defendemos por isso um Green New Deal à escala europeia.
E é isto que levamos a votos nas próximas eleições europeias de 26 de maio.
E tu? Vais fazer parte desta luta? #VotaLIVRE