As notícias de diversos hospitais por todo o país dão conta de uma situação insustentável com tendência para piorar. Os efeitos do confinamento decretado na semana passada não se sentirão até daqui a cerca de dez dias, e até lá fica evidente a necessidade de atuar sobre a situação presente. O LIVRE pede ao governo respostas concretas em três grandes vectores:
Expansão de capacidade hospitalar: é urgente que o governo tome medidas imediatas no sentido de aproveitar a capacidade de internamento de hospitais de campanha e hospitais privados, quer ao nível dos chamados “casos sociais” – de forma a libertar camas nos hospitais mais fustigados pela pandemia – quer ao nível de internamentos COVID-19 e cuidados intensivos. É imperioso que se conheça o plano de abordagem a esta situação, que deve contemplar a possibilidade de requisição civil em caso de necessidade.
Possibilitar um real confinamento: numa situação em que não se vê alternativa ao confinamento cada vez mais estrito, em linha com o anunciado na semana passada, é fulcral garantir a segurança dos que inevitavelmente deixam de poder trabalhar e ficam privados de meios de subsistência. Não deve surpreender o governo que, para evitar ficar sem nenhum rendimento em plena crise pandémica, muitos portugueses se vejam forçados a correr riscos para não perder o seu emprego, comprometendo o mais forte mecanismo de ataque à pandemia de que dispomos: o confinamento. Assim, uma rede de segurança como o Rendimento Básico Incondicional de Emergência que o LIVRE propôs em março faz agora mais sentido que nunca, porque é a única que permite que ninguém fique sem redimento nem sustento. A petição recolheu já mais de 5600 assinaturas, e o LIVRE insta o governo a que tome uma medida vigorosa na protecção social dos portugueses.
Melhor comunicação e transparência: ao invés de acreditar numa culpa atribuída à sociedade pela menor adesão a medidas de confinamento, o governo deve melhorar a sua comunicação de risco, empenhando para isso uma mensagem clara, percebida por todos, e credível. Episódios recentes que vêm descredibilizar a mensagem dos peritos em Saúde Pública, como as peripécias de campanha de Marcelo Rebelo de Sousa, devem ser contrariados com uma comunicação assertiva, e apoiada por especialistas em comunicação de risco. Paralelamente, deve reforçar-se a credibilidade e confiança no sistema de testagem, reporte de casos e decisão através da comunicação transparente dos indicadores da evolução da pandemia, salvaguardando o anonimato mas fornecendo dados abertos, atualizados e detalhados por concelho, há muito pedidos pela comunidade científica.
O LIVRE entende que em todas estas três áreas o governo tem ficado aquém do esperado, mostrando falta de preparação e de planeamento para cenários há muito antecipados. Urge agora atuar rápida e decisivamente.