CGD – Para lá do acessório

CGD – Para lá do acessório

Nas últimas semanas, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem sido alvo de uma discussão que mais uma vez se foca no acessório, deixando o essencial para segundo plano. Os partidos com assento parlamentar distraem-se em torno dos dígitos do salário do novo administrador da CGD: se o valor em questão é ou não um ultraje, se deve ou não ser limitado e se, com a anterior legislação, o novo administrador iria ganhar mais ou menos. O LIVRE entende que esta não é a questão central no que diz respeito à CGD.

Com efeito, após uma grave crise económica internacional que assolou o nosso país e o setor bancário em particular, este teve de se recapitalizar e redimensionar. A CGD, fruto de uma estratégia errada para o banco, viu a solução para o seu caso constantemente adiada. Pelo que se sabe hoje, com a nova equipa de administração vem uma promessa de recapitalização que terá os seus custos. Assim, o LIVRE considera pertinente recentrar o debate nas questões centrais e que devem ser esclarecidas.

  • Que plano de recapitalização foi acordado com o BCE e como será aplicado?
  • Quais as contrapartidas desse plano?
  • Que significado têm as notícias que avançam com um número entre 2000 e 3000 trabalhadores dispensados?
  • Será que este número leva em linha de conta os funcionários que têm saídos nos últimos anos ao abrigo de programas de reforma antecipada?
  • Que serviço espera a CGD, o maior banco nacional, fornecer com um corte tão substancial de efetivos?
  • E, acima de tudo, que modelo será implementado e de que forma estará protegido o cariz social que a CGD deve ter?

Ultrapassada parece estar a questão de que a CGD deve ser mantida na esfera pública. Os recentes acontecimentos vêm clarificar que é essencial a existência de um banco público forte, sem o qual teria sido muito mais difícil enfrentar as dificuldades financeiras que assolaram o país. O LIVRE vê a CGD como fiel da balança e garante do sistema financeiro nacional. Para além do papel regulador do Banco de Portugal, a CGD tem a potencialidade de intervir no sistema financeiro a partir de dentro, liderando e implementando políticas bancárias que podem ser pioneiras. O LIVRE defende ainda que a CGD nunca deverá esquecer o cariz social da sua atividade, abrangendo a população mais desfavorecida e as comunidades mais isoladas no sistema bancário, essencial para muitas operações diárias.

O LIVRE espera que o debate político se eleve e se comece finalmente a discutir o que é importante: o futuro do maior banco (público) português.

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