Os jovens e a política – dar voz e respostas às novas gerações

Os jovens e a política – dar voz e respostas às novas gerações

Os jovens e a política – dar voz e respostas às novas gerações

Comunicado da Reunião Pública do Grupo de Contacto do LIVRE de 25 de junho de 2022

As gerações portuguesas mais jovens cresceram num país democrático integrado na União Europeia, no qual o futuro se afigurava próspero e prometia a progressiva conquista de direitos e a melhoria da qualidade de vida. Contudo, a emergência ecológica, o crescimento das forças antidemocráticas e o aumento das desigualdades sociais e precariedade dos modos de vida têm um impacto cada vez maior e abrangente na vida dos jovens. A maioria vive aquém das condições de vida que os seus pais e avós tiveram e sem perspetivas de estabilidade e de um futuro melhor.

Os vários sintomas de crise ambiental, social e política exigem uma agenda de propostas integradas centradas na defesa do equilíbrio climático e ecológico, da igualdade e justiça social, da participação cívica e democrática e de defesa do bem comum. A rapidez e irreversibilidade de algumas das transformações em curso exigem maior responsabilidade e justiça intergeracional relativamente ao mundo que deixamos às gerações vindouras.

A mudança climática que dita a escassez de recursos hídricos e um alargamento do território em seca, com a possibilidade de ocorrência tanto de incêndios como de cheias e inundações cada vez mais significativas, continua a ser desvalorizada perante outras prioridades políticas. A perpetuação das dificuldades no Serviço Nacional de Saúde, na Educação e na Justiça, impedem serviços públicos de qualidade e o corte efetivo com o ciclo de reprodução da pobreza, que no nosso país atinge as cinco gerações. O crescimento e normalização das forças antidemocráticas, de que a recente reversão de Roe vs Wade nos EUA é um resultado direto e um exemplo que pode vir a reproduzir-se em outros locais, contraria a ideia de crescentes e necessárias conquistas em termos de igualdade e liberdade.

Neste contexto, o Grupo de Contacto do LIVRE destaca a importância das propostas realizadas, nas várias representações locais e na Assembleia da República, nas áreas da educação, política salarial e do trabalho, transição energética e habitação e direitos LGBTQIA+. Entre as quais: a criação de uma rede pública de creches universal e gratuita que deve ser inscrita na rede da escola pública; a análise e teste de novos modelos de organização do trabalho, incluindo a semana de quatro dias; o aumento do salário mínimo nacional para 1000 euros; a denúncia do Tratado da Carta da Energia em sede de Conselho Europeu e nas formações relevantes do Conselho da União Europeia; o aumento do parque habitacional público para alcançar os 10%; e a criminalização das “práticas de conversão”.

O LIVRE reconhece a capacidade de decisão e participação cívica ativa e consciente aos jovens, através da defesa do direito de voto a partir dos 16 anos e em decisões sobre o seu corpo e condições de vida, como a interrupção voluntária da gravidez. O LIVRE valoriza o papel do tecido associativo, ativista e sem fins lucrativos de apoio no desenvolvimento juvenil, que também acompanhamos nos Conselhos Municipais da Juventude.

O Grupo de Contacto agradece a todas as pessoas que participaram na reunião aberta e o acolhimento do Núcleo Territorial de Sintra no Centro Lúdico de Massamá.