A eleição de Mário Centeno a Presidente do Eurogrupo é uma boa notícia para a União Europeia e para Portugal – não por ser português mas porque como Ministro das Finanças deste governo apoiado por uma maioria de esquerda, Centeno conseguiu demonstrar que as políticas de austeridade até há pouco preconizadas pela maioria dos Ministros das Finanças dos Estados-membros da UE não resultaram, tiveram efeitos perversos e consequências terríveis para os cidadãos europeus e para a própria credibilidade do projeto europeu. Assim, Centeno tem agora uma possibilidade real de influenciar a agenda do Eurogrupo para que a UE dê passos em prol de soluções social e economicamente sustentáveis virando definitivamente a página da austeridade, o que pode vir a ser muito positivo não só para a União Europeia no seu todo mas também, consequentemente, para Portugal.
O LIVRE não quer deixar no entanto de relembrar que o Eurogrupo (reunião informal dos Ministros das Finanças dos Estados-membros da UE,) não é uma entidade com legitimidade democrática e que esta deveria estar enquadrada por obrigações legais comunitárias como por exemplo a de responder perante o Parlamento Europeu ou a de obedecer à Carta dos Direitos Fundamentais da UE.
Urge, portanto, democratizar a governação da zona euro e da própria UE. O LIVRE tem estado na linha da frente do debate por uma democracia europeia. Esperamos agora do governo português e da maioria parlamentar de esquerda um maior empenho na reforma institucional do euro e da UE.
Foto: Stephanie Lecocq/EPA