O incêndio que deflagrou no dia 14 de Agosto, nas serras da Ribeira Brava, atingiu entretanto uma dimensão catastrófica, tendo já consumido cerca de 14% [1] de toda a área florestal da ilha da Madeira. Fica, assim, destruído um património natural de valor inestimável, com gravíssimas consequências para as pessoas, para ecossistemas e espécies naturais endémicas e para a atividade agrícola e a segurança dos solos das áreas ardidas. O LIVRE expressa a sua solidariedade para com a população da Região Autónoma da Madeira, as pessoas afetadas pelo fogo, e todas as pessoas que têm combatido as chamas e procurará ser parte ativa da recuperação ambiental necessária mas inevitavelmente difícil após estes incêndios devastadores.
Saudamos os meios de combate regionais, nacionais e europeus, no território madeirense ao abrigo do Mecanismo Europeu de Proteção Civil (MEPC), pelo seu árduo trabalho, que conseguiu evitar perdas humanas e de habitações, e relevamos a importância de um sistema de saúde regional público que possa assegurar, agora, o mais importante: a saúde e bem-estar da população, sobretudo das pessoas mais vulneráveis, como é o caso dos 120 habitantes da Fajã da Galinha, que neste momento estão impedidos de voltar a casa por tempo indeterminado. Mas é preciso mais: um plano de recuperação área ardida e danos uma vez que confirma-se que não só já ardeu Floresta da Laurissilva, como zonas da Rede Natura 2000 e do Parque Natural da Madeira.
É vital avaliar as responsabilidades políticas quanto a decisões que terão contribuído para o impacto significativo e a longa duração do fogo. Para evitar tragédias como a que estamos a viver, o LIVRE cumprirá o seu papel avançando medidas de proteção da floresta, da paisagem e da biodiversidade da Região Autónoma da Madeira, como já tem feito, e reforçando a necessidade de prevenção e preparação do território baseada em evidência.
Em particular, o LIVRE considera necessária uma análise exaustiva e independente à situação antes deste fogo, nomeadamente ao nível do ordenamento do território, práticas e comportamentos. Sobre este fogo em particular, é também essencial que essa análise foque as diferentes medidas de combate, em particular nas suas primeiras fases, de modo a que se perceba se um combate mais agressivo e o pedido de ajuda na fase inicial poderiam ter evitado este cenário. Por fim, o LIVRE apoia a criação de um Observatório Técnico Independente, semelhante ao que foi criado em 2018, que pode fornecer indicações úteis para evitar situações como a que agora vivemos
[1] 8973 hectares, segundo os últimos dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais