Por um aprofundamento da convergência à esquerda

Por um aprofundamento da convergência à esquerda

O LIVRE defende, desde a sua fundação, uma convergência à esquerda. Foi por isso com muita satisfação que, em 2015, viu surgir a Geringonça que permitiu impedir a formação de um governo de bloco central, e quebrar a continuidade das políticas austeritárias e ruinosas para a vida das pessoas e do país levadas a cabo pelo governo PSD/ CDS, assegurando quatro anos de estabilidade política com um governo mais à esquerda.

Apesar de aplaudir um conjunto de medidas tomadas nestes quatro anos, o LIVRE considera que há aspetos importantes que ficaram esquecidos pelo PS e pelos partidos que suportaram o governo. Faltou a visão necessária para uma política de longo prazo. Consideramos que continua a haver uma oportunidade falhada de valorização do Serviço Nacional de Saúde, que a habitação é uma “prioridade” que não é levada a sério, que a educação e o conhecimento científico continuam a não ser valorizados como essenciais para o futuro, que se dão uns passos demasiado pequenos na cultura, que a desigualdade no rendimento e na inclusão não é combatida, que a qualificação e motivação da Administração Pública não são tratadas, que o aprofundamento da democracia da União Europeia é esquecido e que as questões ambientais e da necessária transição energética são pouco ambiciosas. Além disso, o LIVRE considera que estas políticas devem ser alicerçadas nos cidadãos e que a participação deve ser amplamente fomentada.

Consideramos que é por isso obrigação de todos os partidos à esquerda de aprofundarem a convergência e de trabalharem em conjunto num plano para o país que vá além dos quatro anos da legislatura e que garanta um aumento da justiça social e da justiça ambiental durante a próxima década.

 

Assim, no dia 8 de outubro, enviámos convite ao Bloco de Esquerda, ao Partido Ecologista Os Verdes, ao Partido Comunista Português e também ao Pessoas-Animais-Natureza para uma reunião de apresentação formal do LIVRE e de exploração de pontos de convergência. Estamos a aguardar as respostas dos vários partidos. Como anunciado publicamente, e à semelhança dos restantes partidos de esquerda e do PAN, recebemos um convite do Partido Socialista para uma reunião relativa à legislatura que agora começará, que ocorreu no dia 9 de outubro de manhã.

A reunião entre o PS e o LIVRE decorreu na sede do LIVRE. O PS fez-se representar pelo Primeiro-Ministro indigitado António Costa, Carlos César, Ana Catarina Mendes e Duarte Cordeiro. A delegação do LIVRE foi composta por Joacine Katar Moreira, Rui Tavares, Isabel Mendes Lopes, Pedro Mendonça, Carlos Teixeira e Paulo Muacho.

Tendo a conversa uma natureza exploratória no que respeita a possíveis entendimentos, a delegação do LIVRE defendeu a convergência da esquerda através de um acordo multipartidário para a legislatura que inclua todos os partidos de esquerda – e não vários acordos bipartidários como aconteceu em 2015 – de forma a reforçar e dar continuidade à estabilidade política verificada nos últimos quatro anos. Comunicou também que, da parte do LIVRE, não existe actualmente a disponibilidade para participar em coligações políticas com objectivos de governação.

A delegação do LIVRE apresentou, de forma introdutória, a posição do partido em matérias como a Lei da Nacionalidade, o salário mínimo nacional, o direito de voto de imigrantes, a extensão do aeroporto Humberto Delgado e construção do aeroporto do Montijo, o licenciamento de projectos de prospecção de lítio e outros minérios, a resolução dos problemas de escassez de água e revisão da Convenção de Albufeira, bem como ainda de prioridades para a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (que terá lugar no primeiro semestre de 2021) como o relançamento da Directiva Europeia Anti-Discriminação e da Directiva-Quadro dos Solos. O Partido Socialista mostrou-se disponível para encontrar pontos de convergência.

O LIVRE manifestou interesse em promover a estabilidade política durante a próxima legislatura bem como disponibilidade para prosseguir diálogo durante esse período, tendo ficado acordados para muito em breve novos contactos para aprofundamento de pontos de convergência.