Começou esta semana, em Lima, no Peru, a vigésima conferência das partes (COP20) da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. Durante duas semanas, as 196 partes envolvidas na discussão, onde se incluem todos os países das Nações Unidas e a União Europeia, discutirão um novo tratado internacional para as alterações climáticas. Após uma série de fiascos em conferências anteriores, nomeadamente na COP15, em Copenhaga, o LIVRE espera que Lima possa abrir as portas a um novo tratado ambicioso e vinculativo a ser aprovado no próximo ano, na COP21, em Paris.
Contrariamente a cimeiras anteriores, existe um certo clima de otimismo, sobretudo após o compromisso entre os EUA e a China em reduzir as suas emissões de CO2 e após o Conselho Europeu de outubro ter aprovado novas metas sobre energia e clima, como por exemplo uma redução de 40% nas emissões de CO2, em comparação com os valores de 1990, até ao ano de 2030. No entanto, o facto de a grande maioria das metas e dos compromissos não serem vinculativos, faz com que as mesmas se tornem em meras boas-intenções.
Convém relembrar que a comunidade internacional concordou em manter o aquecimento global abaixo de 2ºC em comparação com os níveis pré-industriais, o que, na prática, não permitiria um aumento superior a 1,2ºC acima do nível registado atualmente. Assim, de modo a cumprir esse objetivo, muito mais tem que ser feito. O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas é claro: as emissões de CO2 a nível mundial devem ser reduzidas entre 40 a 70% até 2050, devendo ser zero em 2100.
É urgente a tomada de medidas concretas e vinculativas de modo a combater as alterações climáticas. Os últimos relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas mostram os efeitos devastadores que as alterações climáticas têm no planeta e em todos os ecossistemas. O LIVRE espera assim que a conferência das partes que atualmente decorre em Lima possa abrir caminho para um compromisso sério, mas também ambicioso e vinculativo, que possa ser aprovado no próximo ano em Paris, de modo a entrar em vigor em 2020. O tempo da passividade irresponsável tem que chegar ao fim. Por um futuro comum sustentável, é chegada a hora de agir.