Contra a prospeção marítima e a subsidiação da poluição

Contra a prospeção marítima e a subsidiação da poluição

 

Esta semana, o Governo recordou-nos de que está empenhado na prospeção de combustíveis fósseis no mar profundo, ao largo da preciosa Costa Vicentina, apesar de o país se ter comprometido com a descarbonização até 2050, e apesar dos apelos de cientistas e das Nações Unidas para que as ações de combate ao aquecimento global sejam drásticas e imediatas.

Para o LIVRE, é óbvio: se temos até 2020 para inverter radicalmente a nossa dependência de combustíveis fósseis, e se esse esforço tem que ser feito à escala global, não faz nenhum sentido ir procurar petróleo a mais de 1.000 metros de profundidade, arriscando desastres ambientais e comprometendo a biodiversidade dos oceanos.

 

Fomos também lembrados esta semana que Portugal tem um paraíso fiscal: a Zona Franca da Madeira. Os paraísos fiscais existem para favorecer práticas internacionais de planeamento fiscal agressivo. Com a Zona Franca da Madeira, Portugal beneficia de  esquemas contabilísticos que convidam ao desvio de impostos noutros países.

Curiosamente, e graças à Climáximo, sabemos que estes dois escândalos se cruzam: o navio que vai fazer a prospeção do petróleo em frente a Aljezur pertence à Saipem,  empresa à qual o Estado português concedeu 200 milhões de euros de benefícios fiscais na Zona Franca da Madeira. Isto significa que o Estado português apoia empresas cuja atividade perpetua a poluição e a destruição de recursos naturais, o que constitui uma contradição completa em relação aos seus discursos sobre a descarbonização e sobre o investimento em energias limpas.

 

O LIVRE opõe-se firmemente a este exemplo claro de captura do sistema político por um setor económico que coloca o lucro à frente do bem-estar e do desenvolvimento humano, que é cego para o estado de emergência climática que ameaça a sobrevivência da própria espécie humana e que foi responsável por alguns dos desastres de maior impacto sobre a biodiversidade, como as terríveis marés-negras.

Juntarmo-nos-emos à Manifestação “Enterrar de Vez o Furo, Tirar as Petrolíferas do Mar” no próximo dia 14 de Abril, às 15h em Lisboa, entre o Largo Camões até à Assembleia da República e apelamos a todos os cidadãos e organizações para que se juntem também.

Reafirmamos também o nosso compromisso de continuar a lutar pelo o fim da fuga aos impostos sob qualquer forma, assegurando uma redistribuição justa da riqueza em todo o mundo. Acreditamos que o atual cenário de catástrofe climática global só pode ser invertido através da participação cidadã à escala global. Lutaremos por aquilo que é fundamental para essa meta: mais Democracia em Portugal e na União Europeia.

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