Deixou-nos Fausto Bordalo Dias, um dos nomes maiores da música e cultura portuguesas dos últimos 50 anos. Num estilo único e inconfundível, Fausto marcou uma página de ouro da música portuguesa.
Entre outras obras maiores, destaca-se a sua trilogia, conhecida como “Lusitana Diáspora”, onde Fausto nos conta as glórias, as mágoas e os males de Portugal. Iniciada com “Por este rio acima”, muitas vezes considerado o melhor álbum português de sempre, Fausto canta-nos a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. Segue-se “Crónicas da terra ardente” e os desvarios da História Trágico-Marítima. A viagem fechou-se em 2011 com “Em busca das montanhas azuis”, onde Fausto se inspirou nas viagens portuguesas pelo interior do continente africano. A esta trilogia pode ainda juntar-se, como o próprio Fausto disse em concerto, “Para lá das cordilheiras”, onde se canta a viragem de Portugal para a Europa.
Começando a carreira como cantor de intervenção, onde se destacam canções em defesa da democracia e também um hino ecologista como “Se tu fores ver o mar (Rosalinda)”, Fausto reinventou-se e tornou-se um dos melhores contadores de histórias do país. Meticuloso, atento ao detalhe, Fausto deixa-nos sempre trabalhos irrepreensíveis, seja ao nível das letras, da qualidade dos músicos ou dos arranjos.
Portugal fica muito mais pobre com a morte de Fausto Bordalo Dias. Figura ímpar e irrepetível da música portuguesa, deixa-nos um legado que continuará a soar durante muitos anos. À sua família e amigos, o LIVRE exprime os seus sentimentos.