A decisão do Governo de dispensar a última tranche da troika comprova aquilo de que há muito se suspeitava: que o programa da troika foi desde sempre usado pelo governo como pretexto para a implementação de um programa altamente ideológico e que o governo tem intenção de persistir nesta atitude mesmo para lá da vigência do programa. Suscita grave apreensão ao LIVRE a forma como este governo usa o país nas suas jogadas para efeitos políticos — e, cada vez mais, já eleitorais.
O Governo que ataca a Constituição, critica o Tribunal Constitucional e reage violentamente às decisões deste órgão de soberania, garantindo que não há outro caminho, é o mesmo Governo que dispensa a última tranche.
O LIVRE é contra este programa de assistência financeiro. Um programa de austeridade só provoca mais austeridade. Apesar das graves consequências sociais que trouxe à sociedade portuguesa, designadamente na forma de empobrecimento e insegurança social, o programa de austeridade não resolveu o problema do endividamento nem conseguiu relançar a economia do país. O LIVRE receia, contudo, que esta dispensa seja a oportunidade e sirva de justificação para mais cortes, mais privatizações e mais austeridade.
Por isso, o LIVRE exige uma aclaração sobre as condições desta dispensa e a garantia de que no lugar dela não se acumularão mais cortes, mais privatizações, mais desmantelamento do Estado Social, mais pobreza.
O LIVRE reitera a sua convicção de que a austeridade praticada e ideologicamente patrocinada por este Governo força o país a um modelo de subdesenvolvimento, contrário à Constituição, aos anseios e às possibilidades da sociedade portuguesa.