O LIVRE solidariza-se com os jornalistas e todos os trabalhadores do setor da informação que enfrentam hoje a ameaça do desemprego e apoia a manifestação que terá lugar hoje, 12 de junho, às 13h00, à porta do edifício do Diário de Notícias em Lisboa, em protesto contra o despedimento de mais de centena e meia de trabalhadores do grupo Controlinveste, incluindo dezenas de jornalistas do jornais Diário de Notícias e Jornal de Notícias, da rádio TSF e de vários outros meios de comunicação social.
Uma democracia sólida assenta numa imprensa livre e independente, que não existe em abstrato: para haver jornalismo combativo e consequente, é preciso haver jornalistas que o exercem no quadro de um trabalho digno e de um emprego com segurança e direitos laborais. Não se pode pois subestimar o impacto que tem a contínua degradação das condições de trabalho dos jornalistas na já problemática situação da democracia e da correspondente esfera cívica em Portugal.
Num contexto mais lato, o LIVRE tem vindo a alertar para os efeitos das políticas dominantes em Portugal nos últimos anos. O atual governo, na sua interpretação tacanha do que deve ser a posição de Portugal na União Europeia, tem empobrecido o país, e não só de recursos materiais. A crise foi agravada pelas políticas governativas: o desemprego permanece em níveis alarmantes, os salários diminuíram, o consumo interno baixou e, acima de tudo, diminuiu a confiança dos portugueses no futuro do seu país e, consequentemente, a sua capacidade de fazer planos que não passem pela emigração. Estas não são só políticas perniciosas no presente; o seu efeito será sentido durante os próximos anos e talvez décadas, se não for corrigido a tempo por uma governação progressista, baseada numa nova maioria social e política.
O LIVRE defende a democracia de uma forma ampla, incluindo uma esfera cívica dinâmica e ativa e um jornalismo independente e qualificado. Associámo-nos à iniciativa pan-europeia pela Liberdade e o Pluralismo na Imprensa, que inclui ações específicas para apoiar os media nesta fase de transição tecnológica, e propomos a constituição de fundos de apoio ao jornalismo de inovação e investigação. Consideramos que as instituições democráticas não podem ficar indiferentes à situação que se vive hoje no jornalismo português e apelamos ao governo, ao parlamento e ao Presidente da República para que recebam os representantes sindicais dos jornalistas e contribuam para uma resposta efetiva às suas preocupações — que são também as de todos os cidadãos que prezam o seu direito a ser informados.