Quando as instituições e lideranças políticas não se demarcam continuamente de fenómenos populistas, xenófobos e nacionalistas, corre-se o sério risco de se assistir ao escalar do desrespeito e da violência sobre a democracia.
O Congresso americano ratificou ontem os resultados das eleições presidenciais americanas de 2020. Foi o último passo necessário para selar a vitória de Joe Biden. Às previsíveis objecções de membros Republicanos, tanto da Casa dos Representantes como do Senado, somou-se a contestação ao resultado de uma eleição democrática que atingiu proporções muito graves.
Donald Trump discursou horas antes, apelando aos seus apoiantes para que“impedissem o roubo” da eleição – alegado roubo que nunca foi provado. Enquanto o processo de ratificação decorria no interior do Congresso, largas centenas de apoiantes do ainda presidente americano concentraram-se em frente ao Capitólio em protesto. O motim violento que se seguiu, com a invasão do Congresso por parte de muitos dos apoiantes de Donald Trump, levou à suspensão do processo de confirmação da eleição de Joe Biden.
Quatro pessoas morreram na sequência desta invasão à casa da Democracia americana, e as cenas de violência correram o mundo e chocaram-nos a todos. Estas imagens são ainda mais chocantes quando o cerco ao Capitólio aconteceu perante a passividade das forças de segurança, em contraste com a atitude destas noutros protestos, como no caso das marchas Black Lives Matter. Apenas muitas horas depois foi retomado o processo de ratificação, que foi concluído de madrugada.
O LIVRE assistiu em choque às cenas que nos foram chegando dos Estados Unidos da América. A violência desmedida e o desrespeito pelas instituições democráticas e pelo processo democrático são uma consequência direta do recurso ao ódio, divisionismo, racismo e xenofobia e consequente atropelo aos Direitos Humanos, à Democracia e à Liberdade. Quando as instituições e lideranças políticas não se demarcam desde bem cedo de fenómenos populistas, xenófobos e nacionalistas, corre-se o sério risco de acontecer em Portugal, na Europa, ou em qualquer país do mundo o que aconteceu ontem nos Estados Unidos da América.
O LIVRE lamenta e repudia os atos de violência e atentatórios à Democracia que foram praticados ontem nos EUA, e alerta para os perigos de não enfrentar de forma firme, frontal e empenhada todos aqueles que querem minar a Democracia, e que querem chegar ao poder apenas para a destruir.
O LIVRE manifesta a sua solidariedade com o povo dos Estados Unidos da América, que sofreu uma tentativa de assalto à sua democracia, algo impensável para muitos. O LIVRE apela ainda à normalização democrática e a uma transição de poder que respeite a vontade popular. Este ataque reforça a necessidade de nos batermos, enquanto sociedade, pelos valores da liberdade e da igualdade, pois só assim a Democracia pode funcionar para todos e todas.
Fonte da imagem: Reuters