Aumento do valor do leite
4 de outubro
manhã: Visita à exploração Monte do Inglês
tarde: Visita à Associação de Jovens Agricultores Micaelenses, Arribanas
Os candidatos José Azevedo e Ana Filipa Castro visitaram uma exploração diferenciada, cujo leite alcança um preço mais elevado, para discutir os caminhos da qualidade e da sustentabilidade da produção leiteira. Reuniram com agentes seleccionados na área da agricultura e da pecuária para conhecer melhor as respetivas competências e para discutir as propostas do LIVRE para o setor.
e como foi o nosso dia?
Os dois primeiros candidatos por São Miguel, José Azevedo e Ana Filipa Castro, visitaram hoje de manhã uma produção de leite diferenciada, no Monte do Inglês. Viram uma exploração que alia componentes modernas (sala de ordenha, refrigeração do leite) com o maneio dos animais na pastagem.
Falou-se da necessidade de apoiar os produtores locais, por motivos que incluem a soberania alimentar face à dependência de produtos importados e a necessidade de equilibrar a balança de pagamentos.
O LIVRE tem uma solução a propor: a criação de uma moeda local é, a nosso ver, a melhor forma de apoiar o mercado interno mantendo os compromissos internacionais.
“E se o leite dos Açores fosse um dos melhores do mundo?
A atividade de produção de leite foi incentivada nos Açores durante décadas, sempre pensando internamente no rendimento dos produtores e externamente na captação de divisas para equilibrar as finanças públicas. Tudo feito, naturalmente, com os apoios europeus. É fácil agora olhar para trás e criticar, mas é preciso reconhecer que o modelo estava à partida condenado: como poderíamos chegar a uma situação em que os produtores dos Açores poderia competir em pé de igualdade com os colegas do centro da Europa? Como competir com os apoios que eles têm, com as economias de escala, com os custos de produção muito mais baixos?
No contexto de dificuldades económicas que todos conhecem fomos hoje falar com um produtor diferenciado e com a Associação de Jovens Agricultores Micaelenses. Foram momentos de debate franco e de genuína partilha de pontos de vista.
Discordamos em algumas coisas. Mantemos, por exemplo, que a qualidade do leite dos Açores ainda pode melhorar, e que a quantidade deve ser reduzida.
Mas partilhamos de interesses comuns: o primeiro é o de assegurar os rendimentos dos produtores, o seu direito a uma vida digna e à recompensa pelo seu esforço; o segundo é a necessidade de agir a nível do mercado para que o primeiro se possa concretizar.
Nenhum dos produtores acredita na fantasia do “mercado livre”. Nesse ponto estão tão esclarecidos como nós: o “mercado” é uma ficção para justificar o domínio dos pequenos pelos grandes. Estamos também todos conscientes de que a capacidade regional de influenciar decisões a nível europeu é insignificante.
Ora, dizemos nós, se não podemos contar com a Europa, tal como ela está, façamos os nossos caminhos.
Não há dinheiro? Mas o que é o dinheiro? No essencial é uma convenção para facilitar as trocas. Certo? Baseado na confiança mútua entre as pessoas e entre estas e as empresas e as instituições. Correto? Então o que nos impede de criar o nosso próprio dinheiro?
Nada, disseram as empresas suiças quando criaram o WIR, que agora tem um volume de negócios anual equivalente a 2,7 mil milhões de euros. Nada, disseram os cidadãos de Bristol, no Reino Unido, onde há um milhão de libras de Bristol em circulação, com o apoio de um banco nacional.
As moedas locais são um poderoso instrumento de fomento do mercado interno: de participação voluntária, servem para trocar produtos e serviços entre as pessoas e empresas aderentes, reforçando o espírito de comunidade.
Uma moeda dos Açores poderia ser o instrumento para assegurar que os produtores de leite teriam um mercado assegurado. Uma ideia a explorar, do nosso ponto de vista.”
Do nosso Programa Eleitoral:
“Durante as últimas décadas a região investiu numa agropecuária intensiva que ameaça o que resta da biodiversidade original e mata as lagoas. Absolutamente dependentes de importações de fertilizantes, pesticidas e de rações, constrangidos pelas dívidas, esmagados pela descida do preço dos produtos, os agricultores precisam de mudar a sua relação com a Terra. O grande desafio do futuro será produzir menos e com mais qualidade, mantendo os rendimentos.”
PARA UMA AGROPECUÁRIA DE QUALIDADE O LIVRE DEFENDE:
4. Incentivo de práticas agrícolas sustentáveis
Apoiar aqueles que utilizam já hoje práticas respeitadoras do ambiente, baseadas nos princípios da agroecologia, da agricultura biológica e da permacultura e incentivar a conversão dos agricultores tradicionais e a entrada de mais pessoas na atividade. Uma aposta na investigação e na formação profissional nestas áreas é essencial para garantir a modificação a larga escala das práticas agrícolas e a também a introdução de culturas alternativas não invasoras de valor acrescentado, como o cânhamo, as frutas sub-tropicais ou as plantas ornamentais.
5. Estímulo do mercado interno para assegurar o escoamento dos produtos
Intervenções ao nível dos transportes, do apoio ao comércio local e de proximidade, e do ambiente económico são essenciais para expandir e sustentar o mercado agrícola de base local para garantir o rendimento dos produtores. Medidas específicas incluem a aplicação de uma taxa de carbono sobre as importações e a criação de moedas locais.