Paisagem da Vinha do Pico | 11 OUT | Parque Natural do Pico

Restauro da Paisagem da Vinha do Pico

Reunião no Parque Natural da Ilha do Pico

11 de outubro | 10:00  |  sede do PNIP (Lajido de Santa Luzia)

Filipe Gomes, o cabeça-de-lista pelo Pico, reuniu com o Gabinete Técnico da paisagem das vinhas do Parque Natural da Ilha do Pico para se inteirar sobre o actual processo de restauro da paisagem de vinha do Pico, nomeadamente os métodos agrícolas adotados, ou o possível reaproveitamento de matéria lenhosa eliminada.

E como correu o dia?

“Hoje peguei cedo na bicicleta, para encontrar-me com Manuel Paulino Costa, diretor do Parque Natural do Pico, a alguns quilómetros de distância, na sede dos serviços de ambiente, em pleno Lajido de Baixo, Santa Luzia. Encerra assim as iniciativas de campanha no Pico, pelo menos antes das eleições. Depois, e porque não, iniciativas de pós-campanha? Seria um hábito interessante a adoptar por todos os partidos.

A reunião tinha o objectivo de obter uma melhor perspectiva sobre a realidade actual do processo de restauro da paisagem cultural da vinha, património da humanidade, desde 2004. O impacto positivo, a evolução ao longo dos anos, a adesão dos proprietários, entre outras questões. Uma delas, que tinha curiosidade de ver respondida, indo de encontro aos pontos do programa do LIVRE, era sobre a questão de utilização de herbicidas e outros químicos na vitivinicultura da área de património. Tendo em conta que aqueles terrenos jamais tiveram uma agricultura baseada em químicos, até agora. Pelo menos os abandonados há mais tempo. Fui então esclarecido de que o tipo de agricultura feito dentro da área de património mundial, não é controlado ou competência do Parque Natural, mas sim de quem coordena a agricultura no geral. Ou seja, o facto de ser património, não implica que a agricultura tenha restrições relacionadas com esse património, que pudessem ir ao encontro da agricultura feita no passado, ou de uma agricultura mais sustentável. As restrições são ao nível daquilo que está a ser protegido, a Paisagem Cultural da Vinha. Provavelmente a mesma situação que, por exemplo, as vinhas do Douro.

Ao contrário do que eu pensava, baseado na legislação que tinha lido e no pedido de informações, há alguns anos atrás, a matéria lenhosa das vinhas, depois de cortada, pode ser utilizada, mas tem de se certificar que proveio do local onde foi abatida. Isso será através do proprietário. Será então um passo mais perto de algo, como peças de artesanato com um certificado, que comprovasse que a madeira endémica usada provinha de certo local. Como turista gostaria de comprar algo que sabia contribuir para uma utilização responsável dos de recursos.

Sobre o crescimento notório nos restauros de terrenos, foi mais pronunciado a partir da crise, em especial a partir de 2012. Há portanto uma tendência da população local, incluindo a população jovem, de restaurar terrenos de vinha abandonados. Antes da classificação de 2004, as vinhas estavam em declínio.

Sobre os empreendimentos turísticos na zona protegida, ao início havia uma restrição a certos locais, mas depois optou-se por permiti-los em qualquer local, mas restringindo, isso sim, o tipo de arquitectura e projecto.

Sobre o vinho propriamente dito, os vinhos brancos são aquilo que o Pico consegue produzir melhor, por não necessitarem de tanto calor como os tintos, e adopta características do ambiente, como a proximidade do mar. Vinhas tão próximo do mar não é algo comum, o que torna o vinho do Pico mais único ainda. A exigência hoje em dia, para produção e e bom vinho, não se compara com aquilo que existia no século XIX. Isso é algo bastante interessante e promissor, pois, do mesmo modo que as vinhas abandonadas poderiam nunca ter sido submetidas a agricultura química, a produção de vinho nunca tinha sido tão rigorosa e exigente. Corremos o risco de ter, de facto, um dos melhores vinhos do mundo.

Ainda falou-se numa série de outras coisas, também relacionadas com o Parque Natural e as outras áreas protegidas, como a área da Rede Natura, com maior concentração de vegetação endémica e a montanha do Pico. Uma das funções e importância de manter a vegetação endémica no topo das montanhas húmidas, ali no planalto da Achada e arredores, é a de manter a água dos aquíferos, uma coisa em que raramente se pensa, quando se gere o território. Ou seja, se essa área fosse apenas pasto, seria muito prejudicial.

Depois da reunião, ainda tive oportunidade de fazer turismo na minha própria terra, visitando o novo espaço do centro de interpretação, e provando um Czar, gostoso e suave. A enologia não é de todo o meu forte, por isso não posso avançar muito mais que isso. Mas mais interessante foi estar no alambique a assistir à feitura de aguardente de bagaço, que provei acabado de fazer e era mais que forte, apesar de me dizerem que não, mas pronto.

Sem mais delongas, podem ler o desenvolvimento deste dia nas descrições das fotos aqui.”

in www.facebook.com/filipegomespolisofia

Do nosso Programa Eleitoral:

O estado da biodiversidade nos Açores é preocupante: dois terços das espécies endémicas (que não se encontram em mais nenhum lugar do planeta) estão em declínio acentuado. A rede regional de áreas protegidas tem uma cobertura insuficiente e a maioria das espécies com interesse conservacionista não tem proteção legal.

PARA CONSERVAR A BIODIVERSIDADE O LIVRE DEFENDE:

11. Valorização económica das espécies vegetais endémicas

Além de proteger as espécies endémicas, é importante valorizá-las economicamente, não apenas através do turismo, mas também promovendo a sua produção, seja para a utilização como matéria prima, seja para a produção de frutos, como o mirtilo-dos-açores. Igualmente importantes são, por exemplo, a implementação de serviços de compensação de carbono com base em espécies florestais ou o incentivo ao reaproveitamento de árvores que sejam eliminadas em trabalhos de manutenção ou restauro de caminhos e terrenos agrícolas.

 

 

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