Nota de pesar pelo falecimento de Miguel Magalhães Ramalho

Nota de pesar pelo falecimento de Miguel Magalhães Ramalho

O LIVRE assinala com pesar o falecimento de Miguel Magalhães Ramalho, uma personalidade de muito relevo na luta ecologista, em Portugal.

Enquanto geólogo, contribuiu significativamente no sentido de  alertar a sociedade para a importância dos estudos geológicos numa diversidade de áreas, como o ordenamento do território, a avaliação e mitigação de riscos e a gestão adequada da água. Foi ainda pioneiro no avanço de uma perspetiva conservacionista abrangente, devidamente focada tanto na biodiversidade como na geodiversidade do nosso país.

Para além da carreira como professor e investigador, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, dirigiu durante vários anos os serviços de geologia do Instituto Geológico e Mineiro e destacou-se como Presidente da Liga para a Proteção da Natureza. Nos últimos anos, dirigiu ‘pro-bono’ o Museu Geológico de Lisboa.

A ação de Miguel Magalhães Ramalho foi decisiva para reavivar o interesse dos investigadores e do público pelo Museu Geológico, instituição durante tanto tempo esquecida pela tutela e pelo poder público em geral e onde se condensam quase dois séculos da história da geologia e da arqueologia em Portugal.     

Ao longo das décadas, o papel interventivo que assumiu permitiu-lhe denunciar muitos crimes ambientais e trabalhar ativamente com diversas questões nacionais, entre as quais destacamos a discussão em torno da construção da nova estrada na Arrábida e o que viria a ser a constituição da Área Protegida da Arrábida – subsequentemente elevada a Parque Natural.

Em anos recentes, e motivado pela necessidade de enfrentar seriamente a questão das alterações climáticas, Miguel Magalhães Ramalho ilustrou bem a importância da adoção de uma perspetiva verdadeiramente global e universalista, defendendo publicamente a criação de um organismo à escala mundial dedicado à salvaguarda do ecossistema terrestre, a par da Organização das Nações Unidas mas com o real poder de intervir eficazmente em qualquer ponto do globo.

Finalmente, o LIVRE não pode deixar de expressar as suas sentidas condolências à família, amigos e companheiros de lutas e causas de Miguel Magalhães Ramalho.