Candidata por Aveiro
Naturalidade
Aveiro
Local de Residência
Lisboa
Nacionalidade
Portuguesa
Profissão
Trabalhadora-Estudante
Apresentação Pessoal
Tenho 29 anos e nasci em Aveiro, onde vivi até aos 18 anos. Mudei-me para Lisboa para estudar Engenharia Aeroespacial acabando depois por mudar para Economia. Enquanto termino a licenciatura, trabalho como tradutora e ajudo os meus pais na empresa familiar, nas diversas tarefas que a distância permite. Juntei-me ao LIVRE em 2019, depois de meio ano em Lima, no Peru, ao abrigo do programa de intercâmbio da Universidade.
O confronto directo com um contexto tão diferente como o da América do Sul, em relação à Europa, não surpreendentemente, teve um profundo impacto na minha noção de dever cívico e político e foi o empurrão que me faltava para sair da minha cabeça e pôr a bom uso as infindáveis conversas à mesa.
Redes Sociais
Apresentação de candidatura
Se em Janeiro de 2020 já era evidente a urgência em repensar o modelo económico extractivista em que a nossa sociedade assenta e o impacto que tem na vida do planeta e nas gerações futuras, hoje, quase dois anos passados, e depois daquilo que se espera ter sido a fase mais aguda da maior crise pandémica dos últimos 100 anos, não há como escapar ao que está mesmo à nossa frente. Forçados a desacelerar o ritmo frenético a que vínhamos sendo habituados – como se não fosse concebível outra forma de realização pessoal, profissional, ou da vida em comunidade no seu todo – podemos fazer deste momento um ponto de inflexão. É imperativo, enquanto sociedade, refletir sobre o significado de bem-estar, sobre a pressão de crescimento quantitativo infinito, quando é amplamente consensual a falibilidade de uma avaliação tão estreita da qualidade de vida das populações.
Dispomos do capital natural como se de um rendimento se tratasse e empurramos para as gerações seguintes as consequências que daí resultam. Insistimos na utilização do PIB como medida do nível de prosperidade dos países, reconhecemos-lhe limites, mas não deixamos de subjugar o planeta à ditadura do crescimento e convergência. A economia não existe à parte da esfera social e o ambiente não é uma mera externalidade a este sistema, mas antes uma dimensão integral da vida no planeta. Concretizar esta noção numa política pública para o futuro, progressista e ambientalmente sustentável é o caminho para uma sociedade mais justa e mais livre.
A transição ecológica e digital para uma economia do desenvolvimento, centrada no indivíduo e assente no cooperativismo e em produção socialmente responsável não é uma mera alternativa ao capitalismo – é a resposta ao aprofundamento de desigualdades e à exploração do sul global para benefício das nações ricas do norte.
Portugal pode estar na vanguarda desta transição. Através de reformas profundas, incluindo, mas não limitadas à regulação do mercado laboral, ao Serviço Nacional de Saúde ou a um maior investimento na escola pública. E porque a educação não termina no final do ensino obrigatório, e deve ser entendida como parte integral do crescimento e realização pessoal e profissional ao longo da vida, é fundamental preparar os trabalhadores para novas e variadas competências; associadas às novas tecnologias ou no domínio da agricultura e ecologia, por exemplo. A capacitação da população em idade activa é fundamental para a construção de um novo modelo económico para Portugal. Um modelo menos dependente do sector dos serviços e de baixo valor acrescentado.
O investimento na ciência e tecnologia deve estar ao serviço de políticas públicas, nomeadamente para a habitação, com particular enfoque no isolamento térmico e conforto das casas em Portugal. Em parceria com universidades e indústria, programas de Investigação e Desenvolvimento em novos materiais, podem ser a base de uma economia exportadora.
Por fim, mas não menos importante, uma sociedade próspera e livre dá valor ao tempo. Tempo para descansar, para estar em família, para diversão, para aprender ou para não fazer nada. Tempo para ser. Um povo feliz tem tempo para as várias dimensões da vida humana. Reclamar o tempo é dar uma vida digna a todas as pessoas, independentemente da profissão ou das horas de trabalho, é assegurar saúde para todos, educação de qualidade, a defesa dos direitos humanos e protecção dos mais vulneráveis, é garantir segurança e uma justiça eficaz. O Rendimento Básico Incondicional pode fazer parte da solução; à escala europeia, a par da reforma da moeda única – abrindo espaço para uma verdadeira união monetária e fiscal em toda a sua extensão.
Enquanto estado-membro da União Europeia, Portugal deve ser o exemplo de uma sociedade progressista, mais solidária e igual; mas pode também fazer avançar a conversa. Um diálogo sobre novas formas cooperação e entreajuda, no sentido do aprofundamento da democracia na Europa e na desconstrução de falsas noções de mérito e competição económica.
Temos pela frente enormes desafios; recuperar da crise pandémica e apoiar a recuperação económica são só o ponto de partida. O futuro constrói-se agora e não tem de ser mais do mesmo.