De 16 a 22 de setembro comemorou-se a Semana Europeia da Mobilidade, menos para a Câmara Municipal de Sintra. Ao não ter realizado nenhuma ação no concelho para a assinalar perdeu-se uma oportunidade de debater e pensar em conjunto formas de tornar as deslocações diárias mais sustentáveis, leves e ecológicas, como alternativa ao transporte automóvel individual.
Numa época que une crises como a climática, a energética e a inflacionária, o segundo maior concelho de Portugal não deve abster-se de participar nesta discussão fundamental para o futuro das nossas cidades e comunidades.
Mesmo sendo cruzado por uma linha de comboio, o município de Sintra é altamente dependente do automóvel. É frequente a destruição de espaços verdes, importantes para a captura de CO2, do calor e para a existência de biodiversidade, para criar mais espaço de estacionamento, como aconteceu recentemente em São Marcos.
Sintra é um concelho com uma enorme variedade no seu território. Nem todos os seus habitantes moram perto da linha férrea, sendo obrigados a deslocar-se de carro para ir trabalhar, ao hospital ou mesmo para a escola, até dentro da mesma freguesia ou localidade. O serviço de autocarros atual também não resolve esta questão, já que estes são pouco frequentes, de má qualidade e não cobrem, de forma a suprir as necessidades da população, devidamente o território.No entanto, também nas áreas urbanas, com a digitalização da economia e consequente fecho de várias lojas de proximidade como é o caso dos balcões de bancos como a CGD ou o Montepio, obrigam os cidadãos, muitas vezes mais idosos e com dificuldades de locomoção, a percorrer longos percursos pedonais que não são seguros devido à hegemonia do carro sobre o espaço público.
Novas formas de pensar a mobilidade são essenciais para a reestruturação do concelho de modo a que ninguém fique refém da sua capacidade financeira ou mesmo física para conseguir sair de casa de forma livre.É necessário fazer mais pela mobilidade suave e coletiva em Sintra.
Se é verdade que têm sido concretizadas várias obras no concelho, nomeadamente com a dinamização de ciclovias em certas freguesias, atualização de passeios e alguma restrição a automóveis na Vila de Sintra, também é certo que são ainda frequentes os passeios com menos de 2,25 metros de largura (a medida mínima em decreto-lei) e com menos de 1,20 metros de largura livre, muitas vezes devido a automóveis estacionados em cima dos mesmos passeios.
Assim sendo, o LIVRE Sintra está preocupado pela pouca importância dada pelo executivo sintrense à Semana Europeia da Mobilidade. Nunca é tarde para transformar Sintra num concelho em que o carro não é o principal método de transportes, nem o centro-gravitacional pelo qual se constroem as nossas ruas.Esperamos por isso que o futuro comece a demonstrar mais coragem e vontade política em mudar as nossas cidades e comunidades condicentes com um planeta mais ecológico e sustentável.