Amanhã o eleitorado dos Estados Unidos da América irá escolher a pessoa que cumprirá funções como Presidente daquele país entre 2025 e 2029. A campanha a que temos assistido nos últimos meses mostra uma sociedade polarizada e dividida, na qual o diálogo entre campos políticos se tem tornado cada vez mais difícil e o discurso anti-democrático, racista e discriminatório normalizado. O pano de fundo é o de um mundo dilacerado por uma crise ecológica e por guerras e conflitos sem precedentes, de que a guerra na Ucrânia e o genocídio em curso na Palestina são exemplos impressivos, crises e guerras essas para as quais o resultado destas eleições é da maior importância.
O LIVRE vê com preocupação a inexistência de um projeto democrático mobilizador que seja claro na defesa dos Direitos Humanos e que promova a sociedade progressista, ecológica e inovadora que defendemos. A já conhecida bipolarização do sistema eleitoral americano, bem com as posições dúbias e alianças equívocas de candidaturas terceiras, impossibilitaram a emergência de melhores alternativas.
Trump e os Republicanos promovem mensagens xenófobas e autoritárias. A campanha de Harris, positiva para direitos das mulheres e LGBTQIA+, falha gravemente, contudo, na política externa. Parte da razão para Kamala Harris não se apresentar destacada na liderança das sondagens passa pela conivência das instituições Democratas com as políticas colonizadoras de Israel e com o genocídio em curso em Gaza. Que esta posição seja a única alternativa viável para os EUA às políticas ainda mais destrutivas de Trump (das quais a mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém e o apoio total a Netanyahu é exemplo paradigmático) é um mau sinal para a tão necessária paz e estabilidade da região.
Perante os perigos presentes, não há soluções fáceis e deve imperar o sentido de responsabilidade — e o da realidade. Sem ilusões sobre todas as falhas que deploramos na candidatura de Harris e sobretudo na permissividade da administração Biden perante os crimes de guerra de Netanyahu e o genocídio em curso na Palestina, afirmamos: para que Donald Trump e o seu autoritarismo racista, misógino e anti-ecológico sejam derrotados, é preciso uma vitória de Kamala Harris nas próximas eleições nos Estados Unidos da América.