O Baile de Máscaras da Política Portuguesa

O Baile de Máscaras da Política Portuguesa

Comunicado sobre o anúncio da “saída limpa” do programa da troika

 

A política portuguesa é muitas vezes um baile de máscaras. Poucas vezes isso foi mais claro do que hoje, com o anúncio de uma “saída limpa” do programa da troika, por parte do governo.

Depois de três anos a ir mais longe do que a troika, Passos Coelho celebra a libertação da troika. O governo não se inibe de prejudicar o futuro do país em vista do seu interesse eleitoralista mais imediato: fazer crer que foi bem sucedido.

Depois de três anos a deixar Passos Coelho governar, a oposição dá ainda folga para que a narrativa do governo se imponha a tempo das eleições legislativas de 2015.

A todos interessa ocultar a dimensão europeia do que se passou nestes três anos. Foi a ação do Banco Central Europeu que baixou os juros da dívida soberana dos países sob programa e permitiu esta “saída limpa”. Como sempre previram aqueles que diagnosticaram esta crise como uma crise europeia, que precisa de soluções europeias. O brutal programa a que foram sujeitados os portugueses não teve nisto qualquer influência e nem sequer permitiu diminuir a dívida pública portuguesa — antes a aumentou.

Estes três anos deixaram a sociedade portuguesa devastada e muito mais empobrecida. Os portugueses, o seu estado e a sua democracia não foram defendidos por aqueles que tinham essa obrigação. Não é por acaso que o desânimo e descrença dominam os sentimentos dos nossos concidadãos.

Para inverter esta situação e recuperar um país de futuro, temos muito trabalho pela frente.

Portugal precisa de um modelo de desenvolvimento baseado na valorização das pessoas, do conhecimento e do território.

Portugal precisa de uma estratégia europeia de progresso e de democracia, que marque a agenda e que procure alianças inovadoras com os nossos parceiros europeus, em particular no Sul e nas periferias.

Esse modelo e essa estratégia só nascerão com um profundo reencorajamento cívico dos cidadãos portugueses. É nesse processo que o LIVRE está empenhado, e para o qual convida todos à participação e decisão do nosso destino comum.

Começamos agora a preparar o tempo da reconstrução. Trabalharemos com todos os portugueses, dentro e fora de partidos políticos, que como nós desejem reatar o caminho de progresso e justiça social para o nosso país.