Presidenciais francesas: barragem à extrema-direita, mobilização por outro futuro

Presidenciais francesas: barragem à extrema-direita, mobilização por outro futuro

Foram conhecidos os primeiros resultados das eleições presidenciais francesas e o cenário é semelhante ao vivido em 2017: Emmanuel Macron vence a primeira volta com cerca de 28% e disputará a segunda volta com a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, que obteve 23%.

Esta eleição consolida a obliteração dos dois tradicionais campos da política francesa, o centro esquerda, onde a candidata do PSF, Anne Hidalgo, Maire de Paris não ultrapassou os 2%, e o centro direita, cuja candidata, Valérie Pécresse, se ficou pelos 5%, quando há cinco anos François Fillon conseguiu 20%. Ao mesmo tempo, e apesar do bom resultado de Macron, esta eleição prova que o seu exercício de poder presidencial não contribuiu para diminuir o grau de polarização e extremização da política e da sociedade francesa, nem para sarar as suas muitas feridas. Cinco anos depois, adivinha-se a segunda volta mais incerta de sempre com a presença de uma candidatura da extrema-direita — sinal claro de que as coisas não vão bem em França e que Macron não contribuiu para as melhorar.

À esquerda, Jean-Luc Mélenchon voltou a ter um resultado notável, com 21% dos votos, tendo tido a expectativa real e a possibilidade de vir a disputar a segunda volta com o Presidente Macron, assim desalojando a extrema-direita de um lugar demasiado habitual para esta. Em reação aos resultados deixou uma mensagem inequívoca aos seus eleitores: na segunda volta nem um voto na extrema-direita. Esta forma de apoio indireto, menos ambíguo do que há cinco anos, a Macron, face às sondagens para a segunda volta e à possibilidade real da extrema-direita chegar ao poder em França, poderá ser imprescindível para impedir esse cenário.

De registar ainda o resultado do candidato apoiado pelo Europe Ecologie – Les Verts, Yannick Jadot, que registou 4,5% dos votos, o segundo melhor resultado de um candidato deste partido. Yannick Jadot já apelou ao voto em Macron por parte de todos os seus eleitores, e de todas as forças democráticas em geral, para que seja feita barragem à extrema-direita — um apelo que o LIVRE compreende e apoia.

A importância destas eleições francesas não pode ser vista de forma desligada do atual contexto de guerra no continente europeu e da necessidade de coesão na União Europeia para fazer frente ao neo-imperialismo de Vladimir Putin e para prestar a necessária solidariedade ao povo ucraniano na sua tarefa de resistência e de reconstrução do seu país. Uma vitória de Le Pen, que foi financiada por bancos afiliados a Putin e que à entrada para esta campanha ainda declarava a sua admiração pelo autocrata russo, seria um desastre para a União Europeia e um presente dado a todos os líderes populistas, autoritários e reacionários. Por tudo isso, é essencial para todos aqueles que defendem o projeto democrático europeu que Le Pen seja derrotada e Macron revalide o seu mandato como presidente da República Francesa — tal como é essencial a todos os que se revêem na necessidade de lutar pela justiça social e na urgência do combate à crise ecológica que vejam para lá de Macron e consigam tecer laços de coesão entre as forças ecológicas, progressistas, democráticas e europeístas para reconstruir o campo da esperança na França e por toda a Europa.

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