Reação ao comunicado da Conferência Episcopal Portuguesa

Reação ao comunicado da Conferência Episcopal Portuguesa

O relatório “Dar voz ao silêncio” coloca-nos a todos perante a obrigação moral de agir.

Pedir perdão não chega e ficámos a saber que os apoios que foram anunciados foram essencialmente um inconsequente Memorial; apoio espiritual, psicológico e apoio psiquiátrico quando o que no mínimo se esperava é que o mesmo valor do investimento feito nas jornadas mundiais da juventude iniciasse já a criação de um fundo para indemnizar as vítimas.

Da parte do LIVRE, acompanharemos as iniciativas, na revisão e alargamento dos prazos de prescrição para crimes de abuso sexual, em particular de menores, iniciativas de criação de mecanismos de apoio psicológico e acompanhamento aos sobreviventes destes crimes, o aumento de financiamento a estes apoios e o reforço de planos de informação e de combate aos abusos sexuais, a criação de linhas permanentes de apoio e de serviços dedicados no SNS; a articulação com instituições da sociedade civil já no terreno, e a criação de uma comissão análoga, multidisciplinar, para alargar o trabalho agora iniciado aos abusos sexuais de menores na comunidade e, sobretudo, à sua prevenção.

Do lado do LIVRE que fique claro que consideramos a informação e a educação sexuais como a ferramenta preventiva básica para que as crianças saibam identificar, designar e transmitir aos adultos – e informação aos adultos para que estes saibam acolher a informação e como reagir e o que fazer perante ela – para combater os abusos.

O critério cimeiro que nos deve nortear é de não falharmos às pessoas que deram o seu testemunho, pessoas a que o relatório se refere como vítimas, mas que cada vez mais olhamos como sobreviventes à realidade e ao trauma do abuso sexual, nossos concidadãos cuja coragem, cujo sentido cívico, de humanidade e de responsabilidade os e as levou a terem de reviver e relatar aquilo por que nunca deveriam ter passado, em nome de fazerem tudo por garantir que nunca mais ninguém mais tenha de viver o mesmo que eles e elas viveram.

Aquilo que, esperamos todos é consequência contra o silenciamento e a impunidade. Tudo continuaremos a fazer para acima de tudo, não acrescentar às suas vozes palavras vãs.

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