Em dezembro do ano passado, quando vieram a público as notícias sobre a indemnização de meio milhão de euros à então Secretária de Estado do Tesouro pela sua saída da Administração da TAP, o LIVRE pediu publicamente esclarecimentos ao Governo, desde logo a questão legal, mas também a questão ética e política.
A questão legal ficou agora esclarecida com o relatório da Inspeção-Geral das Finanças que torna clara a ilegalidade da indemnização paga pela TAP à ex-administradora Alexandra Reis.
A questão ética, por outro lado, era já manifestamente clara, ficando clara a imoralidade e a perversidade da situação, principalmente num momento em que a Administração da TAP mantém cortes salariais aos trabalhadores.
Mas, no âmbito das questões políticas, para além do rolar de cabeças, há ainda questões por esclarecer. Neste momento a tentação do Governo parece ser a de privatizar o mais rapidamente possível a TAP para que esta deixe de ser um problema político. Esta é a saída fácil, num momento em que a TAP começa a regressar aos resultados positivos. Mais do que isso, a TAP é uma empresa que pode estar ao serviço do interesse público, ao mesmo tempo que garanta condições de trabalho dignas para os seus trabalhadores. Este não seria nunca um processo fácil, implicaria trabalho e empenho, não só dos seus trabalhadores, que já o têm demonstrado, mas sobretudo do Governo, que parece preferir a perda de valor à manutenção da TAP na esfera pública, optando por isso pela saída fácil da privatização. Se no passado a privatização se revelou um erro, nesta e em tantas outras empresas públicas, neste caso ainda é possível defender o interesse público e manter a TAP enquanto empresa pública.