Nos 30 anos da sua morte, o LIVRE apresenta um voto de homenagem a Salgueiro Maia na Assembleia Municipal de Lisboa.

25 de Abril sempre!

Vê a intervenção do deputado Paulo Muacho

À Memória de Fernando José Salgueiro Maia

A face de um homem digno

A 3 de abril de 2022 cumpre-se o trigésimo aniversário da morte de Fernando José Salgueiro Maia. 

O Capitão de Abril foi um dos protagonistas da ação militar vitoriosa do 25 de abril de 1974 que pôs termo a uma das mais longas ditaduras do século XX na Europa. Penhorou nesse dia a sua carreira militar em troca de um futuro em liberdade para Portugal.

Questionado acerca da Revolução dos Cravos, frisou Salgueiro Maia, “Sabendo que a guerra era injusta e sem solução, o regime, opressivo e sem capacidade de reconversão, as Forças Armadas tinham conseguido o impossível para garantir ao poder a capacidade de diálogo que ele recusava, só restava a sublevação, mesmo sabendo dos riscos que acarretava.

Cidadão digno, homem culto, “foi talvez o primeiro militar a compreender que a democracia era incompatível com a predominância ou a presença normal de militares nos órgãos de soberania”. Enquanto militar, carreira que cedo abraçou ingressando na Academia Militar em 1964, escolheu a arma de Cavalaria, tendo-se apresentado em 1966 na Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém – aquela que ele afirmou ser também a sua casa. Como cidadão, o seu gosto pelas Ciências Políticas e Sociais, nas quais teve parte ativa, motivou-o a concluir a licenciatura nesta área, bem como em Ciências Antropológicas e Etnológicas. Atraído pela Cultura e pela História, mormente do seu país, fundou o Museu da Cavalaria, foi membro da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos, apoiou o restauro do Convento de São Francisco, junto à EPC, e publicou na imprensa militar trabalhos sobre islamismo entre os povos da guiné, poder militar na história da colonização portuguesa no quadro da política internacional, entre outros.

Ainda na flor da idade, foi-lhe diagnosticada uma doença, que lhe seria fatal poucos anos mais tarde. Enfrentou-a com o mesmo espírito combativo, sem virar as costas à sua determinação e à vida, à sua família, sempre fiel aos seus valores em sociedade, os valores de abril. “Era Humilde, mas nunca deixou que o humilhassem. Obreiro do 25 de abril e nunca o renegou. Gostava de crianças; Casou com uma mulher excecional e adotou dois filhos, para sentar um em cada perna. Nunca a vida lhe foi fácil, mas sempre ultrapassou as dificuldades.”

Faleceu em 1992 e foi sepultado em Castelo de Vide, vila raiana que o viu nascer a 1 de julho de 1944, ao som de Grândola Vila Morena e da Marcha do MFA (Movimento das Forças Armadas), conforme foi seu desejo.

Foi condecorado com a Grã Cruz da Ordem da Liberdade pelo então Presidente da República António Ramalho Eanes e agraciado, a título póstumo, pelo Presidente da República Mário Soares, com o grau da Grande-Oficial da Ordem da Torre e Espada.

 

Assim, o Grupo Municipal do Partido LIVRE vem propor que a Assembleia Municipal de Lisboa reunida na Sessão Ordinária de 05 de abril de 2022, delibere: 

  1. Prestar homenagem a Fernando José Salgueiro Maia no 30º Aniversário da sua morte, com um minuto de silêncio;
  2. Enviar o presente voto à família de Fernando José Salgueiro Maia;
  3. Enviar o presente voto à Presidência da República, à Presidência da Assembleia da República, Grupos Parlamentares e Deputados Únicos Representantes de Partidos na Assembleia da República e à Associação 25 de Abril;
  4. Dar conhecimento do presente voto aos órgãos de comunicação social e publicá-lo no site da AML.

Salgueiro Maia a 25 de janeiro de 1975 em Santarém, fotografado por Natércia Maia