A desconfiança nas instituições e nos políticos que nos governam resultam numa abstenção absurdamente elevada, refletindo o descontentamento da população portuguesa não só com o país, mas também com a Europa no seu conjunto. Muitos cidadãos consideram que o simples ato de votar em nada vai alterar um sistema enraizado e dominado pelos “dinossauros”. Desde o 25 de Abril de 1974, Portugal já foi alvo de três intervenções financeiras (1978-80; 1982-85; 2011-2014). O problema está na péssima atuação dos nossos governantes (que, qual ciclo vicioso, foram sempre alternando os lugares de topo), bem como na falta de consenso e entendimento político. Um país interna e propositadamente desorganizado nunca poderá atrair investimentos estrangeiros que façam mexer a nossa economia. Mas o que ressalta desta governação é a falta de estímulo para as empresas nacionais, de modo a impulsionar a economia, contribuindo para a criação de empregos e riqueza.
O LIVRE surge no panorama político português com o intuito de demonstrar que “fazer diferente” é possível. É bem sabido que a desconfiança é grande, mas não podemos culpar os eleitores, mas sim quem os deslumbrou com falsas promessas para mais tarde os continuar a penalizar, através de impostos, cortes, taxas e todo e qualquer atentado ao Estado Social. É vergonhoso um país um país que arrisca os níveis de Educação que alcançou e a sua progressão, onde a Saúde deixa de ser um direito adquirido e a velhice deixa de estar assegurada (após uma vida inteira a descontar). O passado social e político de Portugal não permite grandes níveis de confiança aos portugueses, e o LIVRE está ciente disso. É um processo difícil alertar as pessoas, mas a minha convicção é que o LIVRE foi criado com o objectivo de mostrar o rumo a seguir. Desde o início, com base numa abertura à participação cidadã, o LIVRE mostrou que é diferente, que quer dar voz a quem quer partilhar ideias, mecanismos e formas de ultrapassar esta crise.
O que mais me sensibiliza na sociedade onde vivemos é assistir às condições degradantes para que foram atirados muitos seres humanos. Custa-me ver crianças a pedir na rua, custa-me ver idosos a passar frio e fome, custa-me ver uma política do medicamento que dá prioridade à queda rápida dos preços e à transição imediata para genéricos em vez de apostar primeiro em certificar-se e assegurar os portugueses da sua segurança e equivalência, alegando dificuldades económicas quando se entregam aos banqueiros milhões e milhões de euros a fundo perdido.
Marta Pacheco, candidata do LIVRE