Os enfermeiros têm o direito de lutar por ordenados que dignifiquem a profissão que desempenham e que lhes permitam ter uma vida digna sem que para isso tenham de recorrer a números excessivos de horas extra ou de trabalhar em vários locais.
É no interesse dos próprios, mas sobretudo da população em geral, que os profissionais de saúde estejam de boa saúde (física e mental) e que se sintam respeitados no seu local de trabalho. Os enfermeiros têm também o direito de lutar por um descongelamento das carreiras que ocorra de forma justa e que não crie um fosso entre os mais novos e os que têm mais anos de serviço.
O que está em causa é o risco de perder (para os privados ou para o estrangeiro) estes profissionais imprescindíveis para o Serviço Nacional de Saúde.
Mas a validade das reivindicações dos enfermeiros não pode justificar todos os seus meios de luta. As greves devem ser transparentes e proporcionais no impacto que têm.
A campanha de angariação de fundos para financiamento dos enfermeiros que aderem à greve é pouco transparente e informal. Deve ser claro e público quem financia os fundos de greve.
Esta greve, contínua e prolongada, tem tido impactos grandes sobre os doentes e levado a um adiamento de cirurgias urgentes. É verdade que não se podem atribuir apenas à greve dos enfermeiros os atrasos nas cirurgias e os tempos demasiado grandes de espera para consultas, que têm sido recorrentes há já muito tempo e que resultam da falta de recursos e das más condições de trabalho que se verificam no SNS. Mas a greve tem sido desproporcional entre o efeito que tem sobre os principais afetados e aqueles que a levam a cabo.
O braço de ferro entre o Governo e os sindicatos dos enfermeiros culminou agora na requisição civil, revelando a falha do processo negocial, em prejuízo de todos os cidadãos e do Serviço Nacional de Saúde.
O LIVRE apela por isso a todos os intervenientes para que regressem à mesa de negociações, tendo como objetivo encontrar uma solução justa para o conflito e rejeitem a escalada de tom entre ambas as partes. Apelamos ao cumprimento da lei e por isso condenamos as ameaças que têm vindo a público de falta ao trabalhos pelos enfermeiros, como forma de contornar a greve.
O LIVRE persiste na sua reivindicação para que o Governo coloque o investimento no SNS como uma prioridade nacional, garantindo condições de trabalho dignas a todos os profissionais de saúde e um serviço de qualidade aos utentes.