A vacinação é um ato de cidadania!
A diminuição da mortalidade e a grande redução da morbilidade alcançadas com a implementação dos planos de vacinação ainda no século passado são conquistas civilizacionais. A vacinação permitiu erradicar a varíola e eliminar doenças como poliomielite, difteria, sarampo, rubéola e tétano neonatal, bem como controlar o aparecimento de tétano, Neisseria meningitidis C (meningite), Haemophilus influenzae b (meningite), hepatite B, parotidite epidémica (papeira), tosse convulsa e tuberculose.
O Plano Nacional de Vacinação é um instrumento valioso do SNS que tem como objetivos reduzir o número de casos de doença e diminuir o número de indivíduos suscetíveis de a contrair. Além disso, a vacinação contra doenças transmissíveis confere imunidade de grupo às populações. A imunidade de grupo consiste numa proteção indireta, ou seja, protegendo-se diretamente os vacinados, os não vacinados ficam também protegidos por redução da circulação do agente e da transmissão da infeção.
No caso do sarampo, doença causada por um vírus muito contagioso, a cobertura vacinal necessária para garantir a imunidade de grupo é de 95 a 98% da população. As coberturas vacinais com 1 e 2 doses da vacina VASPR, a nível nacional, são ≥95% pelo menos desde 2006. No entanto há muitas assimetrias regionais e locais, que aumentam o risco de existência de bolsas de população suscetível, mesmo em áreas geográficas com cobertura vacinal global elevada. O último surto em Portugal tinha sido em 1993 e o anterior em 1987. Em 2016, a doença chegou a ser dada como erradicada depois de vários anos sem aparecimento de novos casos. Mas, segundo a Direção Geral de Saúde, o sarampo provocou 35 mortes na região europeia em 2017, incluindo 1 em Portugal. Em 2018, até agora, foram confirmados 21 casos na região norte do país, dos quais dois ocorreram em pessoas não vacinadas. Para prevenir as formas graves da doença está comprovado cientificamente que vale mesmo a pena ser vacinado porque os benefícios excedem largamente os (baixos) riscos associados ao processo. A vacinação contra esta doença deve ser feita aos 12 meses e aos 5 anos de idade (e em qualquer idade em indivíduos que por algum motivo não tenham sido vacinados e não tenham contraindicação formal). A vacina é gratuita e é administrada, principalmente, em unidades do Serviço Nacional de Saúde.
Se as pessoas com o sistema imunitário intacto (normal), os imunocompetentes, não se vacinarem, não são apenas elas próprias que ficam em risco de contrair a doença, mas também deixam de conferir proteção a quem não se pode vacinar por motivos de saúde (por exemplo, pessoas com deficiência primária do sistema imunitário e outros imunocomprometidos – HIV/SIDA).
A vacinação é um ato de cidadania!