Celebramos hoje o Dia da Europa, assinalando os 66 anos da “Declaração Schuman” que marca o início da construção europeia. Hoje, as razões para festejar a Europa parecem ser poucas. O projeto Europeu, sonho de várias gerações, encontra-se ameaçado e usurpado e resta pouco tempo para o resgatar. A falta de transparência e democracia a nível europeu, a crise das dívidas públicas, a crise dos refugiados e os muros da vergonha, a deriva autoritária de alguns Estados-membros, o referendo britânico sobre a saída da União Europeia e a falta de lideranças à altura deste momento histórico colocam em risco uma União que foi, durante décadas, sinónimo de paz e prosperidade para todos os europeus.
O LIVRE assume o europeísmo como um dos seus pilares. Não um europeísmo seguidista de “bons alunos” mas sim um europeísmo crítico, construtivo e progressista, com propostas concretas para transformar a União Europeia.
As eleições europeias de 2014 poderiam ter sido um momento chave para levar a cabo a urgente transformação da União. Bastava para isso que as forças progressistas, tanto em Portugal como noutros países, adotassem uma estratégia comum e um programa para revolucionar o funcionamento da UE. Com um programa fortemente participado, o LIVRE apresentou-se às eleições europeias com propostas programáticas como a rejeição do Tratado Orçamental e do tratado transatlântico (TTIP), a democratização do Conselho da UE, a convocação de uma conferência europeia para a resolução do problema das dívidas soberanas ou o lançamento de um programa económico de recuperação dos países do sul. Estas propostas certamente teriam guiado a União Europeia numa outra direção, mais justa e mais respeitadora dos seus Estados-membros e dos seus cidadãos.
A Europa será aquilo que os seus cidadãos e as suas instituições quiserem fazer dela.
No mundo da globalização financeira e das multinacionais, dos desastres ecológicos transfronteiriços, do terrorismo e da multipolarização política, pretender voltar atrás na construção europeia e regressar ao Estado-nação não só é um contrassenso, é ineficaz.
A União Europeia tem o poder de regular os mercados financeiros e taxar as grandes empresas multinacionais que, ardilosamente, escapam aos impostos e viciam a economia. O mercado único de 500 milhões de consumidores confere à UE a força de impor altos padrões ecológicos e sociais aos produtos que aceita importar. Uma política europeia de segurança conjunta, que respeite a privacidade dos cidadãos pode proteger-nos de forma mais eficaz, sem abdicar de liberdades preciosas.
A construção de uma Europa justa e democrática não se fará com o regresso aos nacionalismos nem com a defesa de interesses nacionais isolados. Pelo contrário, apenas uma campanha a nível europeu, juntando os diversos movimentos progressistas, poderá atingir esse objetivo.
Esta primavera, o LIVRE iniciou a campanha “Um 25 de Abril para a Europa” na qual apresenta as suas ideias e propostas para salvar o projeto Europeu. Em paralelo, estamos empenhados na participação em fóruns transeuropeus que juntem partidos políticos, movimentos da sociedade civil e cidadãos dedicados na construção de uma Europa mais virada para a cidadania.
Somos europeístas porque hoje, mais do que nunca, a União Europeia não deve abdicar do seu projeto único de igualdade, paz, prosperidade e justiça social. Depende de nós sermos donos do nosso futuro e trabalharmos para construir a Europa que desejamos. 66 anos depois, Relancemos a União!