Para figuras da dimensão de José Mário Branco, a morte nunca existirá

Para figuras da dimensão de José Mário Branco, a morte nunca existirá

Rita Sousa Vieira | MadreMedia

José Mário Branco, nome maior da música e das artes portuguesas, figura incontornável da vida cultural portuguesa nos últimos 50 anos, faleceu no dia 19 de novembro de 2019, aos 77 anos.

Incansável lutador antifascista, José Mário Branco começou o seu ativismo ainda adolescente, tendo mais tarde sido refratário da guerra colonial. Preferiu lutar noutro campo, o da música, afirmando a cantiga como uma arma. Em França, onde se refugiou do regime ditatorial português, José Mário Branco mobilizou os portugueses e os franceses para a causa democrática portuguesa. Desde lá, foram muitas as suas participações em ações pela democracia – em Portugal e noutros pontos do planeta – nunca cedendo na defesa do princípio da liberdade.

Cantou poetas e sonhos portugueses e levou as suas palavras aos portugueses, percorrendo o país de ponta a ponta. A sua intervenção artística não se ficou pela música, tendo também dedicado a sua mestria ao cinema e ao teatro. Musicou Brecht e a sua peça “A Mãe”, onde pediu um casaco novo e não remendos e côdeas. 

A ele estão também associados trabalhos maiores da música de intervenção portuguesa de outros autores, como o disco Cantigas do Maio, de Zeca Afonso, do qual foi produtor. Nos últimos anos dedicou-se à produção de discos de fado, de onde saíram várias colaborações.

Ficarão para a história muitas das suas canções como Inquietação, Ser Solidário, o sempre atual FMI ou ainda o poema de Natália Correia “Queixa das Almas Jovens Censuradas”.

Para figuras da dimensão de José Mário Branco, a morte nunca existirá. E como nos canta no seu último álbum de 2004, resistir é vencer. 

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