Por Dom Phillips e Bruno Pereira

Por Dom Phillips e Bruno Pereira

Por Dom Phillips e Bruno Pereira

o LIVRE em solidariedade com os povos indígenas brasileiros e com a luta pela preservação da Amazónia
As autoridades brasileiras confirmaram no dia 15 de junho o pior cenário no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, cujo paradeiro se desconhecia desde 5 de junho. Um pescador, suspeito investigado pelo desaparecimento, acabou por confessar à Polícia Federal o seu envolvimento na morte dos dois homens bem como o local onde terão sido enterrados os corpos.
Resta aguardar o resultado das perícias forenses que, além de confirmarem a identidade dos restos humanos, deverão apontar a causa da morte.
Bruno Pereira e Dom Phillips viajavam de lancha ao longo do rio Itaguaí, numa região próxima de território indígena, no extremo oeste do Amazonas – nos limites da fronteira do Brasil com o Peru e a Colombia.
Pereira, funcionário da Funai (Fundação Nacional do Índio), colaborava com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari – Univaja – enquanto fomentador da vigilância indígena, numa zona marcada pela violência associada à pesca e captura ilegais, em particular de pirarucu (um dos maiores peixes de água doce) e tracajá (um parente da tartaruga).
O jornalista Dom Phillips vivia no Brasil há 15 anos, depois do que deveria ter sido uma estadia de apenas alguns meses. Conhecia bem a Amazónia, e não era estranho a zonas de conflito; colaborador freelancer de inúmeras publicações de relevo internacional, escrevia agora o livro “Como Salvar a Amazónia” sobre a sua viagem à Atalaia.
O LIVRE lamenta a morte de Bruno Pereira e Dom Phillips e permanece ao lado daqueles que lutam pela conservação do habitat amazónico e pela proteção das populações indígenas – especialmente vulneráveis, na medida em que representam um obstáculo à atividade criminal ou à exploração massiva dos recursos na região.
As declarações do Presidente do Brasil face ao desaparecimento dos dois ativistas merecem a nossa forte condenação. Phillips e Pereira acabaram vítimas numa luta desigual pelo planeta e pela convivência dos povos em paz e respeito com a natureza. Cabe-nos fazer com as suas vozes perdurem e que o legado que deixam não se perca na memória daqueles que, desde longe, fecham os olhos ao despotismo do chefe de estado brasileiro ou aos interesses que sustentam o seu regime.