Os turcos foram hoje às urnas para votar num referendo constitucional. Estão em causa diversas alterações à Constituição da República Turca de 1982 que, na prática, concentram todos os poderes executivos na pessoa do Presidente Recep Tayyip Erdoğan.
A votação ocorreu sob o estado de emergência que vigora no país desde a tentativa de golpe de Estado, tendo a oposição, que faz campanha pelo não, sido impedida de fazer campanha de forma livre. Os testemunhos do dia de hoje também indiciam várias violações da liberdade da votação já contestadas pelos partidos que se opunham às alterações propostas.
Este referendo, bem como o futuro da democracia turca, é de extrema relevância para qualquer europeu. Não só porque a Turquia é um país candidato a membro da União Europeia, mas devido à sua posição geoestratégica, na fronteira com a Síria e Iraque, tem sido um dos principais atores da vergonhosa gestão da crise de refugiados.
A vitória do Sim, dada como certa pelos primeiros resultados, cimenta a deriva autoritária da Turquia, situação inadmissível para um país candidato a membro da União Europeia. O LIVRE considera que deve ser reenquadrado o processo de candidatura da Turquia a membro da UE e devem ser revistas as relações entre a UE e a Turquia, nomeadamente deve ser revogado o miserável acordo relativo aos refugiados.
O LIVRE considera que cada vez existem menos condições para a manutenção do processo de candidatura da Turquia a membro da União Europeia. A Comissão Europeia deve intervir desde já na clarificação das várias acusações de fraude que surgiram durante o dia e juntar-se aos apelos para uma recontagem dos boletins de voto.
Por fim, renovamos os nossos votos de solidariedade para com os camaradas do HDP, em particular os seus membros eleitos que se encontram injusta e infundadamente detidos.
(Foto retirada do sítio http://gazetekarinca.com)