A Câmara Municipal do Porto desiste do seu plano para a criação de ciclovias e abandona o compromisso assumido em 2020 de construir 35 km de pistas cicláveis.
A rede ciclável do Porto é quase inexistente, impedindo o desenvolvimento da mobilidade suave no concelho e criando situações de perigo constante para os utilizadores de bicicleta. Em 2020, a Câmara Municipal do Porto apresentou um plano para a criação de 35 km de ciclovias até ao final desse ano. No entanto, a grande maioria dos percursos previstos ainda está por implementar. Em maio deste ano, foi anunciado pelas autarquias do Porto e Gondomar o cancelamento da construção de 6 km de ciclovia entre os dois municípios, desperdiçando 728 mil euros em cofinanciamento já aprovado pelo Fundo Ambiental. A Câmara Municipal do Porto abandona, os seus planos de novas ciclovias e, assim, mostra uma total falta de ambição de futuro. O LIVRE Porto constata com preocupação esta tendência e considera que a cidade está a caminhar em sentido contrário às normas europeias de mobilidade suave.
A falta de uma verdadeira rede de ciclovias na cidade gera um ciclo vicioso de fraca utilização dos poucos troços existentes, que não refletem as necessidades reais das pessoas. A baixa da cidade não é acessível por ciclovia e quem quiser usar a bicicleta vê-se obrigado a um convívio perigoso e desigual com o trânsito automóvel. Mesmo com a parca infraestrutura atual, a falta de fiscalização torna-a muitas vezes lugar de estacionamento automóvel. O recurso à mobilidade suave fica, assim, impensável para a maioria das pessoas/da população.
Não podemos perder mais uma oportunidade! A construção do canal de metrobus na Avenida da Boavista e na Avenida Marechal Gomes da Costa desmantelou as ciclovias da Avenida da Boavista, numa opção que o LIVRE vê como errada e contrária ao caminho de evolução da mobilidade dentro da cidade do Porto.
O LIVRE Porto apela a que o canal da Avenida da Boavista seja transformado em corredor ciclável, enquanto não entra em funcionamento o serviço de BRT, conhecido como Metrobus. Criar um corredor ciclável seguro, ainda que temporário, vai tornar clara a necessidade de uma rede segura e planeada, como já se verifica com a apropriação rápida e espontânea deste canal por quem usa a bicicleta.
Numa altura em que a União Europeia apoia e promove a bicicleta como “meio de transporte sustentável, acessível e económico” e a crise climática torna urgente a mudança, o LIVRE considera incompreensível a falta de trabalho da Câmara Municipal do Porto nas alternativas ao trânsito automóvel. O futuro passa por mais ciclovias, mais seguras, devolvendo a cidade às pessoas.