Na passada reunião da Assembleia Municipal de Sintra, o Vice-Presidente, Bruno Parreira, em resposta a um munícipe sobre o recente atropelamento mortal na Avenida dos Bons Amigos, em Agualva-Cacém, afirmou:
“É muito difícil aceitar uma intervenção que coloca todos os ônus do incumprimento manifesto, de condutores poucos escrupulosos e criminosos em cima da Câmara Municipal de Sintra. Infelizmente, por muitas medidas que possamos tomar, se elas não forem cumpridas por quem vai ao volante, não há medidas que nos possam valer.”
O LIVRE Sintra considera que o vereador responsável pela mobilidade está errado.
Primeiro, a Câmara não se deve, nem pode, demarcar das responsabilidades para com a população. Não só a proteção dos moradores é uma responsabilidade do órgão municipal, como também, deve ser uma das suas principais missões.
Segundo, por muito difícil que seja controlar a criminalidade rodoviária, há formas de a reduzir. Aliás, estudos recentes demonstram que o poder político pode ter impacto no número de acidentes na rodovia e na gravidade dos mesmos.
Uma requalificação do desenhos das vias, a instalação de estruturas de controlo de velocidade, tais como semáforos, lombas ou radares, um planeamento da rodovia que inclua ciclovias e caminhos pedonais, são medidas que demonstram a longo prazo uma melhor conduta por parte dos condutores traduzindo-se numa redução na sinistralidade na estrada.
A Avenida dos Bons Amigos, na qual aconteceu o atropelamento mortal, tem já um projeto de requalificação.
Apresentado em 2022 à população e incorporado no plano estratégico de Agualva e Mira-Sintra em 2023, o novo desenho da principal via da freguesia propõe soluções que iriam prevenir acidentes desta magnitude.
Entre estes podemos encontrar a arborização do eixo central do arruamento, uma ação associada à melhoria da segurança da estrada e à promoção da segurança rodoviária.
Portanto, as palavras do Vice-Presidente Bruno Parreira são a rejeição da sua própria política.
Por muito difícil que seja controlar a criminalidade rodoviária, este não pode ser um argumento usado por quem já demonstrou querer criar um município para todas as pessoas.
Assim sendo, o LIVRE Sintra contesta as palavras do principal responsável pela mobilidade no concelho. Retirar o ónus ao poder municipal é um sinal de desresponsabilização política. Para mudar o paradigma é preciso admitir que há um problema. E a solução para o problema é colocar a vida dos peões no centro das políticas de mobilidade em Sintra.