O LIVRE Almada e o LIVRE Oeiras-Cascais rejeitam o plano de expansão e promoção do transporte rodoviário que está a ser levado a cabo pelo atual Governo, com o recém-noticiado “megapacote de infraestruturas” a nível nacional, no qual se inclui o túnel rodoviário imerso que ligará Trafaria e Algés.
Rejeitamos um projeto que prejudica o Tejo, incentiva o uso do automóvel e piora a qualidade do ar.
Há múltiplas razões para nos opormos a esta opção:
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- Custo vs Benefício: As ligações diretas entre Almada e Oeiras continuam escassas, apesar do elevado fluxo diário de trabalhadores e estudantes. Este túnel representa um investimento desproporcional face às necessidades reais de mobilidade, quando alternativas mais eficientes e sustentáveis continuam por desenvolver. Em vez de canalizar milhares de milhões para infraestruturas rodoviárias, o foco deveria estar no reforço dos transportes públicos, melhorando as ligações para os polos empresariais (Tagus Park, Lagoas Park, Quinta da Fonte) e universitários (NOVA FCT, IST-Tagus Park), que permanecem isolados e dependentes do automóvel, excluindo quem não tem essa opção.
- Demanda Induzida: A expansão da infraestrutura rodoviária levará ao aumento do tráfego. Este fenómeno, conhecido como demanda induzida, está amplamente documentado traduzindo-se num crescimento do tráfego com o aumento da capacidade rodoviária, anulando os benefícios esperados na redução do congestionamento e agravando a emissão de gases poluentes.
- Aumento de Emissões de CO2 e outros gases nocivos: O setor dos transportes, especialmente o rodoviário, é atualmente o maior emissor individual de dióxido de carbono em Portugal, assim como o principal responsável pela libertação de óxido de azoto (NOx), responsável por vários efeitos nocivos na saúde pública. A expansão da rede rodoviária não só afetará as metas do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 e Plano Nacional Energia e Clima 2030, como continuará a manter os níveis de óxido de azoto acima do limite em Lisboa (Fontes: APA e APA)
- Danos ao ecossistema do Tejo e orla costeira: O leito do Tejo contém sedimentos altamente contaminados fruto de atividade industrial no passado recente. Remexer esses sedimentos, não só comprometerá a fauna e flora do rio, como irá colocar em risco a qualidade das praias da região. Os trabalhos terão também impacto no equilíbrio natural das correntes o que poderá agravar a erosão costeira.
- Risco sísmico: A construção de um túnel rodoviário submerso no Tejo representa um perigo significativo, pois o vale do rio é uma zona sísmica ativa, atravessada por falhas responsáveis por sismos destrutivos, como os de 1531 e 1909.
Por estes motivos, discordamos das declarações dos Presidentes de Câmara de Almada e Oeiras, que enaltecem esta obra como a solução para os problemas do trânsito rodoviário. O executivo almadense, que defende 2050 como meta para a neutralidade carbónica, não pode apoiar uma infraestrutura de custo astronómico que não só compromete esse objetivo, como também agravará os problemas existentes e criará novos desafios. Pelo contrário, deve priorizar alternativas ecológicas ainda por concretizar, como a mobilização da frota eletrificada da Transtejo e a criação de uma rota fluvial Trafaria-Algés nesta modalidade.
O LIVRE Almada e o LIVRE Oeiras-Cascais propõem:
- Reforço das ligações entre Almada e Oeiras, com mais frequência e horários alargados nos autocarros da Carris Metropolitana, bem como uma maior articulação intermodal entre Transtejo, CP e MTS.
- Criação de novas rotas de transporte fluvial, incluindo uma ligação direta Trafaria-Algés, promovendo uma alternativa sustentável ao tráfego rodoviário.
- Criação de um serviço expresso de autocarros entre Almada e os polos empresariais de Oeiras (Tagus Park, Lagoas Park, Quinta da Fonte), com faixas BUS dedicadas na Ponte 25 de Abril, A5 e A2.