O LIVRE denuncia a detenção de Paul Watson, fundador da Greenpeace, da Sea Shepherd e da Captain Paul Watson Foundation. A crescente utilização do aparelho judicial para reprimir ativistas ambientais, demonstrada nesta instância, é preocupante. Reiteramos a solidariedade com esta causa e juntamo-nos aos apelos a que o Estado português exija a sua libertação imediata.
Paul Watson notabilizou-se, desde 1970, na defesa ativa das leis e acordos internacionais que protegem baleias e golfinhos. A caça à baleia, internacionalmente proibida, justificou já uma condenação do Japão por parte do Tribunal Internacional de Justiça. Paul Watson foi recentemente preso na Gronelândia na sequência de um Red Notice da Interpol apresentado pelo Japão, que já pediu a sua extradição. Este caso tem sido denunciado como um abuso do sistema de Red Notices, onde Paul Watson fica listado ao lado de criminosos de guerra e de assassinos em série. É um notável exemplo do que foi descrito em relatórios do Parlamento Europeu [1] e do Conselho da Europa [2] sobre o uso indevido dos Red Notices, que recomendam medidas para a sua contenção.
É importante reconhecer a extrema relevância dos ecossistemas marinhos para a ecologia como um todo, o que inclui as nossas próprias condições de vida. A eliminação de grandes predadores, com perturbação da cadeia trófica, tem impactos consideráveis nos ecossistemas marinhos, na regulação do clima e, por efeitos em cadeia, nos ecossistemas terrestres dos quais dependemos. Os ativistas que lutam pela defesa dos ecossistemas marinhos lutam pelo nosso futuro comum.
No LIVRE, compreendemos a grave crise climática e da biodiversidade em que vivemos. Mas sabemos que o ecologismo pode e deve ser emancipador, em oposição à utilização abusiva e desresponsabilizante de ferramentas legais e políticas para suprimir a voz de quem luta pelo futuro do planeta.