A quem serve a nova Avenida Nun’Álvares?

A quem serve a nova Avenida Nun’Álvares?

A recente polémica sobre as opções urbanísticas para a avenida que irá ligar a Praça do Império à Avenida da Boavista, atravessando o interior da Foz e Nevogilde, tem-se focado na altura de três torres. Contudo, muitos outros pontos estão por esclarecer.

Há muito pensada, a Avenida Nun’Álvares tem uma longa história de avanços e recuos, tendo o actual executivo conseguido, por fim, avançar com o projeto. Nas várias reuniões públicas, das quais o presidente da Câmara, Rui Moreira, como parte interessada, pediu escusa, a operação tem-se mostrado consensual entre os vários partidos representados na autarquia (dos quais o LIVRE não faz ainda parte). No entanto, o pouco envolvimento da população no processo torna a polémica que se instalou em algo mais do que esperado, sendo depois cooptada pelos diferentes candidatos na febre pré-eleitoral.

Contudo, mais do que fazer queixas inconsequentes ou oferecer soluções milagrosas, importa discutir as implicações desta mega-operação, muito para além da altura das torres. Assim, o LIVRE gostaría de ver respondidas as seguintes questões, procurando perceber a quem serve esta nova avenida:

  • Dada a dimensão do investimento público para a infraestruturação da zona, foi alguma vez considerada a possibilidade de usar parte dos terrenos para habitação pública ou para parcerias com cooperativas que garantissem preços acessíveis?
  • Tendo em conta o longo processo de aquisição de propriedades para a Avenida e os múltiplos interesses pela zona agora considerada em pressão urbanística, importa saber qual o histórico das propriedades em causa e quem são os promotores interessados no desenvolvimento urbanístico da avenida?
  • Com o previsível aumento populacional, que soluções estão pensadas para evitar a sobrecarga de serviços públicos, como escolas e centros de saúde, cujas infraestruturas já se encontram debilitadas?
  • Num contexto de expansão da linha de Metro e do Metrobus, foram pensadas soluções de mobilidade para a nova avenida, para além das faixas dedicadas ao autocarro?
  • De que forma serão acauteladas as especificidades ecológicas da zona, num contexto de impermeabilização de grande parte dela, e como serão mitigados os efeitos previsíveis no ecossistema, nomeadamente nos animais cujos habitats se estendem até ao Parque da Cidade?

Qualquer discussão sobre a cidade não pode passar ao lado dos equilíbrios entre ecologia, ocupação e uso do território, entre habitação e especulação. Assim, defendemos que os estudos atualmente em curso devem ser abrangentes e ponderados, envolvendo a população local, especialistas e decisores políticos.

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