O LIVRE Leiria acompanha com grande preocupação a emissão de um comunicado, por parte do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), a informar sobre a limitação do Serviço de Urgências Geral entre as 22h de terça feira (12/10) e as 8h de quarta-feira (13/10). Esta situação significa uma limitação da capacidade de resposta do CHL aos mais de 400.000 utentes da região.
O Centro Hospitalar de Leiria teve como projeção inicial servir 250.000 utentes. Contudo, a constante expansão da sua área de influência provocada pela falta de prestação de serviços adequados nos concelhos limítrofes (Pombal, Alcobaça, Ourém) aumentou a população que a ele recorre para cerca de 430.000 utentes.
No entanto, o reforço necessário de pessoal e orçamento de funcionamento não foi efetuado. Esta situação tem vindo a agravar-se desde 2019, altura em que se começou a sentir o efeito da sobrecarga de trabalho, com demissão de chefes de equipa de medicina interna e diminuição do número de profissionais nas unidades que, exaustos e descontentes, que já reclamavam por melhores condições laborais.
O LIVRE Leiria condena a inércia na resolução destes problemas que se arrastam pelo tempo, que se agravaram com a pandemia e que continuam sem ter resposta adequada.
No concurso para médicos de várias especialidades, lançado em julho, para 36 vagas, até ao início de outubro só foi possível ocupar 19 vagas. É necessária uma reforma profunda nas condições de trabalho, para que hospitais distritais possam atrair profissionais. Só com a recapacitação dos hospitais periféricos, melhoria dos serviços de saúde de proximidade e fortificação da rede de cuidados de saúde primários será possível a redistribuição de pacientes e que os hospitais distritais desempenhem a sua função.
É necessário também o reforço da resposta de serviços de apoio às especialidades. Urge um investimento na recuperação da infraestrutura e equipamentos obsoletos. Para além disso, são necessárias mudanças na legislação que determina as condições para atribuição de incentivos, quer à mobilidade, quer à contratação para serviços e estabelecimentos de saúde do SNS que se situam em zonas geográficas carenciadas de pessoal médico, e evitar o recurso a empresas externas de colocação de tarefeiros.
O LIVRE Leiria exige ao Governo que apresente explicações para a falta de pessoal no Centro Hospitalar de Leiria, e ainda como pretende resolver a limitação do serviço existente, considerando que a atual capacidade é manifestamente insuficiente.