Enquanto o espetro de Sócrates assalta a campanha das Europeias e Rangel e Nuno Melo trocam cuspes numa garrafa de Murganheira, há quem fale de Europa. Sim, porque é de Europa e do destino de mais de 500 milhões de cidadãos que falamos quando se trata de eleições europeias. De facto, a Europa, as suas instituições, a inoperacionalidade da tríade governativa ou as possibilidades de uma Europa à escala federal ocupam pouco tempo de antena nas televisões nacionais e determinam parcos carateres nos jornais. Mas, mais preocupante do que isso, a Europa ocupa também um espaço ridiculamente diminuto nos discursos oficiais dos principais partidos. E é por isso que aqui estou, a dar a cara pelo LIVRE nestas eleições europeias.
Porque o LIVRE discute a Europa, aponta soluções concretas para uma vida a 28, não hesita em discutir o federalismo, coloca a Europa na agenda mediática e ousa mesmo em falar em europeus e não só em portugueses. Assume um papel temerário, principalmente numa altura em que as pessoas se sentem tão descrentes do projeto europeu e ele está tão distante do idílico ideal de união fraterna. O LIVRE assume os riscos de falar da democracia na Europa, da mutualização da dívida, da ação ilegal da Troika, da revogação do Tratado Orçamental, da união fiscal ou do gap entre norte e sul, enquanto os principais partidos se ocupam dos detalhes comezinhos da política à portuguesa. Mas a História faz-se dos audazes e só posso crer que esta audácia terá os seus reflexos. Não só na contabilidade do próximo domingo, mas sobretudo numa ideia de Europa diferente e mais esclarecedora. E mais. Acredito que os portugueses recompensarão esta audácia. Porque as pessoas, para lá de toda a descrença, procuram soluções e o LIVRE dá voz a uma nova ideia de Europa.
Porque a realidade mostra que, para lá de todo o ceticismo, os europeus, e os portugueses, continuam a olhar para a União Europeia como o organismo que lhes merece mais confiança, tal como mostram os dados mais recentes do Eurobarómetro.
Num projeto que sempre foi liderado pela vontade das elites, as eleições europeias são um espaço de fôlego democrático que merece ser valorizado. O LIVRE assume, por inteiro, esta missão de insuflar democracia na Europa. Porque a europeização requer uma real democratização no seio da estrutura da UE, é importante que o cinismo ou o populismo não nos turvem a visão. Uma democracia mais autêntica pode ter lugar já nas próximas eleições.
Pode parecer assustador, mas o destino da Europa nunca dependeu tanto de cada um de nós como hoje. É em alturas de crise que se exige coragem reforçada. Coragem de mudar, de agir e olhar com olhos de ver para as propostas que temos perante nós. Votar LIVRE é dar espaço a uma Europa mais próxima dos europeus e que não teme, tal como todas as Europas até agora, o veredito dos seus cidadãos. Porque a Europa não é um mero mercado de meio milhão de consumidores, é a terra onde 507 890 191 pessoas querem cumprir os seus ideais.
Mariana Santos, candidata do LIVRE