LIVRE Leiria exige ação para impedir nova tragédia de Pedrógão Grande

No dia 17 de junho de 2017 deflagrou o incêndio florestal de Pedrógão Grande tendo alastrado aos concelhos vizinhos — Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Ansião, Sertã, Pampilhosa da Serra — e vitimado 66 pessoas.

Este incêndio, que dizimou 81% da floresta no concelho de Pedrógão Grande, atingiu centenas de habitações, afetando também matas nacionais, áreas agrícolas, equipamentos municipais e empresas.

A falta de limpeza, a ausência de planeamento e gestão florestal e o impacto das alterações climáticas com temperaturas extremas, estão entre as principais causas que contribuíram para a escala da tragédia.

É notório que as políticas públicas para a floresta e para o desenvolvimento rural não estão à altura dos desafios atuais. É urgente investir e valorizar a floresta, fomentando uma paisagem mais diversa e, por isso, mais resiliente aos incêndios. 

Quatro anos depois, continua a não existir, na prática, uma gestão adequada da floresta nas zonas afetadas pelos grandes incêndios de 2017. As monoculturas, particularmente a do eucalipto, associadas aos minifúndios que caracterizam o nosso território, contribuem para uma floresta especialmente vulnerável.

O LIVRE Leiria considera que o papel dos municípios é vital. Com a transferência de competências do Estado para os municípios, estes têm um papel mais relevante a desempenhar, também na gestão florestal. A função do município passa também por envolver instituições públicas com responsabilidade da área, organizações não governamentais, representantes de proprietários e sector privado, de modo a garantir um uso comum e cumprimento de expectativas. Assim, é possível elaborar planos de co-gestão que respeitem a posse da terra e permitam ações conjuntas.

O LIVRE Leiria defende que é fundamental valorizar a floresta, não apenas numa lógica de produção, mas como local de grande absorção de dióxido de carbono, através de projetos florestais de reconversão, diversificando o espaço florestal. Para concretizar esses projetos, é necessário que a gestão seja assegurada por especialistas, como biólogos, engenheiros, técnicos especializados e pessoas com experiência, que garantam a sua execução. É ainda necessário o reforço do número e capacidades de vigilantes da natureza e guardas-florestais para garantir o apoio necessário a uma gestão sustentável das florestas.

É necessário que os planos de reabilitação da nossa floresta contemplem o reforço das espécies autóctones. Esta reabilitação tem que garantir a melhoria da qualidade do ar, bastante acima dos mínimos exigidos, reter a água no solo e proporcionar habitats necessários à biodiversidade própria de cada região.

O LIVRE Leiria exige ação concreta para tornar a nossa floresta mais diversa, mais resiliente e mais saudável. Não só para evitar que futuras tragédias se repitam, como também para melhorar a qualidade de vida das pessoas.